terça-feira, 19 de julho de 2016

O clube dos poetas negros






Quase nenhum dos participantes tem livros publicados. Cruzaram-se no Djidiu, iniciativa do áudio blogue Afrolis, espécie de Clube dos Poetas Negros. É lá que dizem a sua poesia ou contam as suas histórias partilhando esta ideia do que é ser afrodescendente ou negro em Lisboa.






Março, último domingo do mês. É um dos raros dias de Sol nesta Primavera tardia em Lisboa. Às mesas do bar Tabernáculo (R. de São Paulo) espalham-se jovens e uma ou outra criança. Começam, pouco a pouco, a tomar a palavra para dizer poesia, dirigem-se ao centro da sala, olham para uma “plateia” cheia.
São homens e mulheres negros que se juntam para um momento de partilha. Trazem sobretudo material seu: poemas, histórias, apontamentos. Uma dupla de irmãos, Carlos Graça e Carla Lima, faz uma performance: ele diz a sua poesia, ela canta gospel. Encenam a intervenção. Os temas para este dia são macro e micro agressões. A maioria não fugirá da questão e relata experiências em nome próprio. Carla Fernandes, Alexandra Santos, Santiago d’Almeida, Michel Té (Te Abi Pequêrs Té), Luz Gomes, Apolo de Carvalho são alguns dos que trouxeram as suas palavras. O ambiente é descontraído, de festa mas também de intimidade.
Junho, último domingo do mês. Estamos na Graça, em Lisboa, na Casa Mocambo, um espaço que serve cozinha africana e tem recebido algumas iniciativas culturais. As mesas são ocupadas por jovens, alguns estiveram na sessão de Março, mas há várias caras novas, e há também pessoas mais velhas. O tema é a família, e vão contar-se histórias de trabalhadoras domésticas ou falar de relações amorosas. Histórias, de novo, em nome próprio ou com personagens inventadas  que podiam muito bem ser reais.
Quase nenhum dos participantes tem livros publicados. A maioria nem sequer tem um blogue ou site onde disponibiliza as suas criações porque geralmente aparecem e dizem poemas escritos de propósito para o evento, poemas que estavam na gaveta, poemas que estavam encravados.
Entre Março e Junho aconteceram mais duas sessões de Djidiu “a herança do ouvido”, uma iniciativa da Afrolis – Associação Cultural onde participam poetas e contadores de histórias, ou quem esteja interessado na produção literária africana e negra. É sempre no último domingo do mês. As pessoas inscrevem-se e intervêm. Objectivo? “Produzir conhecimento sobre a própria realidade”. Porque a “experiência de vida como africanos / negros no mundo tem particularidades”, define-se.
O Djidiu surgiu depois do Ciclo de Cinema Documental África Positiva, organizado na Casa do Brasil, em Fevereiro, também pela Rádio Afrolis. Criado em Abril de 2014, como aúdio blogue, o AfroLis – que agora é também uma associação – tem por missão divulgar a diversidade dos afrolisboetas.   
A passagem para o convívio surgiu porque queriam conhecer quem estava a aderir ao blogue, conta Carla Fernandes, a mentora. “Quisemos dar mais e receber mais”, explica, sentada numa das mesas do Tabernáculo, o local onde aconteceu o primeiro Djidiu público.
A Afrolis reflecte sobre as experiências dos afrodescendentes negros em Lisboa através da rádio porque “é bom ter exemplos positivos, que é o que o audioblogue faz”. Mas “também é bom que as pessoas reflictam sobre a sua própria realidade”, e que o façam através da poesia, de contos ou de reflexões mais próximas da crónica explica. E é isso que se pretende também com o Djidiu.
O tema do primeiro Djidiu, as micro e as macro agressões, surgiu para dar uma visão global da experiência dos afrodescendentes negros em Lisboa e reflectir de forma mais profunda sobre situações de racismo. Seguiu-se o tema da revolução e liberdade em Abril. Em Maio a temática foi África, Junho foi dedicado à família – segue-se o tema da beleza em Julho. O que são micro e macro-agressões? Um exemplo de micro agressão é pedirem para tocar e agarrar nos cabelos afro, diz Carla Fernandes, “porque o que está por detrás disso é a possibilidade de tocar no outro”, fazer dele “mais ou menos um objecto”, explica. “É uma coisa mínima. Mas quando se nega esse acesso, a micro-agressão pode-se tornar uma macro-agressão: ‘porque é que não me deixas tocar? Agora vou tocar mesmo, se não deixares vou-te bater…’”
A apoiar esta actividade está o Grupo de Teatro do Oprimido, por isso todas as quartas-feiras o grupo reúne-se para trabalhar textos e discutir os temas. Levam autores como Noémia de Sousa ou Toni Morrison, autores de língua portuguesa e não só. Todas as sessões para o público são em locais diferentes porque a ideia é “mostrar que [nós, os negros] podemos ocupar os espaços em Lisboa”, diz. “Por isso é bom girar para nos habituarmos a entrar e a frequentar esses espaços”. 




ENRIC VIVES-RUBIO

Carla Fernandes: A mentora da Afrolis

“Basta/ Quero mudar de casta/ Quero sair desta vida que se arrasta/ posso? Posso agora dizer-te algo, patrão?” O poema Basta é da mentora da Afrolis. Falando agora como poeta, Carla Fernandes sente que a “a experiência de opressão”, “um historial manchado por humilhação, por exclusão” une este Clube dos Poetas Negros. “É uma experiência sofrida de formas diferentes, mas quando a trazemos à tona toda a gente tem um sentimento mais ou menos semelhante. Nem sequer são precisas muitas palavras.”
Jornalista e tradutora Carla Fernandes nota que a maioria do que é levado para “o palco” do Djidiu são “experiências transformadas em texto”, “não necessariamente poemas”. Há quem venha da spoken word, do hip-hop, da tradução, do contar histórias – tudo maneiras diferentes do que pode ser poesia.




A pouco e pouco, o Djidiu começa então a formar-se como um Clube de Poetas Negros, que aliás era a ideia inicial do projecto. Apesar de haver pessoas brancas, o público é predominantemente formado por pessoas negras. “Há uma identificação com as temáticas e com os textos. Acho que faz sentido sublinhar o ‘poeta negro’ – se bem que sinto que há dificuldade em algumas pessoas em fazê-lo, sublinham mais a parte do africano. Mas o negro é a experiência comum a todos nós.”
Afrodescendente? Negro? Que palavra usar? Nenhuma é consensual, nota, mas afrodescendente “é um termo que tem potencial para ser uma categoria política, até porque é um termo que sai de um historial de luta”, acredita. O importante é “ir para a frente” com as questões comuns, acredita. A verdade é que é muito difícil separar a imigração da questão racial, pelo menos em Portugal. Há muita gente que nasceu em Portugal e é tratada como imigrante, há muita gente que se identifica mais com o país de origem dos pais, há muita gente que rejeita ser visto de outra forma que não como português. A nível institucional, a associação deparou-se com grandes dificuldades em concorrer a apoios, justamente por não se afirmar como uma entidade dedicada a imigrantes  não cabe, assim, nos apoios à imigração.
Nascida em Angola, veio para Portugal com a família quando tinha dois anos. Criou o formato de áudio blogue com entrevistas semanais para dar voz aos entrevistados, fazê-los falar na primeira pessoa: “porque tantas vezes não falamos por nós”. 
Ela sente que se está a criar uma rede que não tem só a ver com a poesia, “o que é bom porque temos que criar espaços seguros para falar da experiência”. “Isso é muito importante, às vezes as pessoas não valorizam. No primeiro Djidiu uma pessoa verbalizou isso: ‘tenho este poema há anos, já fui a várias sessões de poesia, e nunca consegui ler porque pensava sempre que não era o lugar. Mas aqui sinto-me à vontade’, disse. E eu pensei: ‘é para isto que o Djidiu serve, para criar espaços seguros para nos podermos exprimir à vontade.”
De facto, não há assim tantos espaços como este. Carla Fernandes sentiu que era mesmo necessário criar algo assim. “Vai-se a muitos eventos, até sobre racismo, e quem fala mais são as pessoas brancas. E tu pensas: ‘então as pessoas que mais sofrem não estão a verbalizar porquê?’ Faltam espaços seguros. Não é para separar. É por uma questão de empatia, de olhar de reconhecimento.”
Entre 2008 e 2013, Carla Fernandes esteve ausente de Portugal, na Alemanha, e quando regressou notou uma grande diferença na “afirmação da identidade negra” em Lisboa, por isso acredita que este tipo de espaços e iniciativas estão e vão continuar a aumentar. “Ainda está numa fase inicial mas tem muito potencial”. As redes sociais ajudam muito: “Quanto mais acesso há ao que se passa noutros territórios, como Itália, Espanha, etc, onde há grupos que pensam nestas questões, mais se cria a noção de que não estamos sozinhos”.




ENRIC VIVES-RUBIO

Carlos Graça e Carla Lima: A dupla de irmãos

O Djidiu aproximou ainda mais os irmãos Carlos, 29 anos, e Carla, 27 anos. Nunca tinham trabalhado juntos. Carlos começou a escrever rap ainda novo com um MC da zona onde vivia, em Moscavide, Lisboa. As letras tinham sobretudo a ver com os problemas do bairro, com a realidade à sua volta. Por razões profissionais, parou. Os dois sempre ouviram música de Cabo Verde, de onde são os pais, e foram sendo influenciados pela mãe que escrevia. Carlos não podia ser rapper, mas podia dizer poesia falada. É um dos fundadores do Djidiu. Quando o Djidiu começou, convidou a irmã a juntar a sua voz de gospel.




Carla Lima: “Sempre fomos muito ligados à terra [Cabo Verde], era muito presente em casa. E sempre tivemos aquela coisa ‘de onde a gente vem’. Comecei a despertar para a questão de ser negra, africana, por causa do meu irmão. Via-o a estudar, interessei-me também e percebi que fazia sentido. Participei no primeiro Djidiu com a parte de música que adaptámos aos temas. Nunca tinha trabalhado com o meu irmão. Adorei, foi das melhores coisas que fiz até hoje”.
Depois dessa estreia, Carla começou a escrever a sua poesia. “Escrevo sempre algo relacionado com África e com ser negra. O Carlos tem muito mais conhecimento da história. Eu uso sempre a minha experiência porque assim tenho a certeza do que estou a falar”.
A ideia da Afrolis era dar voz a quem escreve e partilhar “o que é isto de ser negro, o que é ser africano”, lembra Carlos Graça. Vai vendo as pessoas que frequentam o Djidiu a consciencializarem-se de algumas situações de discriminação e a reagirem quando antes não o faziam. Nas sessões das quartas-feiras conversam muito sobre os temas, por vezes fazem os poemas em conjunto. Querem um ambiente familiar.
No tema de Julho, os padrões de beleza, a ideia é questionar se “enquanto negros, realmente temos que seguir um padrão de beleza europeu”, por exemplo. “Sempre achei que era feia”, diz Carla Lima. “Tenho a pele clara, tenho os olhos claros, tenho o meu cabelo claro e mesmo assim nunca me senti integrada nos padrões de beleza”, confessa.
O Djidiu surgiu da necessidade de criar “hábitos de pronunciação”, define. “Fala-se muito de África e dos negros mas não de nós para nós”. Carlos: “Tem muito a ver com criarmos o nosso espaço. Muitas vezes o pessoal pergunta: ‘por que é que os media não nos representam’, ou X e Y não nos representam? Se temos capacidade, então vamos criar instrumentos. Por isso o ciclo de África positiva: se os media nunca dão uma imagem positiva de África, então vamos mostrar nós para contrabalançar um bocado.” Carla Lima completa: “Não é fantasiar, nem romantizar, mas mostrar o que há para as pessoas pensarem pela própria cabeça”.




ENRIC VIVES-RUBIO

Michel Té: O poeta sem idade

Está em pleno período de exames, e recebe-nos entre estudos e exercícios na Faculdade de Arquitectura, da Universidade de Lisboa. O edifício fica no alto da Ajuda, com vista para o rio Tejo. Lá dentro, imensos estiradores e desenhos, jovens conversam e mexem em cartolinas e papel.




Ele anda sempre com a fotografia da mãe ao peito. Michel Té, ou Te Abi Pequers Té (na foto de capa), é um dos que está ligado à fundação do projecto Djidiu – natural da Guiné-Bissau, foi ele quem sugeriu o nome, por causa do enquadramento que estavam a querer dar à plataforma. “Djidiu é crioulo da Guiné-Bissau. O papel do Djidiu é muito vasto. Queríamos intervir e encontrei na palavra a identidade do grupo: Djidiu não é aquele que se limita a contar a história. É poeta, historiador, visionário político, contador de histórias, recita versos. Músico, filósofo. Escolhemos intervir pela oralidade, que é a função do Djidiu, uma biblioteca falante. Também queremos transmitir pela oralidade aquilo que sabemos”.
Este poeta não data as coisas que faz, “porque posso pensar hoje e escrever daqui a um ano”, então nesse caso, de que data é o poema? Já participou em um par de antologias. Também não nos quer dizer a idade: “Quando é que eu nasci? Quando saí da barriga da minha mãe? Quando estava no útero? É necessário para a sociedade mas é uma banalidade.” Para ele, “uma das coisas mais brilhantes no Djidiu é a partilha”.   
Se Nelson Mandela morresse era bem feito é um dos seus poemas. "Porque a morte gosta de ausentar ânimas e de causar sofrimentos Porque Nelson Mandela gosta do sossego e da liberdade Porque Deus é perfeito e conhece todo o nosso gosto Se Nelson Mandela morresse era bem feito Porque um BOM-GRANDE LIDER merece toda eternidade"




ENRIC VIVES-RUBIO

Apolo de Carvalho: E as armas intelectuais do Djidiu

Apolo de Carvalho tem 26 anos e trabalha em restauração. Está a tirar uma pós-graduação em Estudos Estratégicos e de Segurança e tem a ambição de fazer doutoramento em breve. Chegou à Afrolis através de Herberto Smith, o fotógrafo do aúdioblogue.




Escreve em português e em crioulo de Cabo Verde, onde nasceu. “Renascimento africano” é um dos seus poemas: “Acordai, povos e nações/ Despertai e recordai as vossas grandes civilizações/ Mergulhai nús, livres e sem temor (…) Parti em safari de introspecção tal iniciante destemido”.
Viveu em França, e foi lá e em Portugal que descobriu a “África de Cabo Verde”. Escreve sobre a sua história e a necessidade de regressar às origens, e cada vez mais prefere dizer os seus poemas em crioulo cabo-verdiano. “Não existia um espaço como este, que convoca todos os afrodescendentes e africanos a contarem a sua história”, comenta sobre o Djidiu. “É importante porque acaba por ser um momento de vivência”, diz. É “como se fosse aquela grande árvore em África em que os anciões e os novos iam falando”, compara. “Acabamos por levar coisas e discutir temas polémicos – o mais interessante é que conseguimos desconstruir as nossas ideias de forma super harmoniosa.”
Os encontros têm ainda outra função: dar argumentos para a defesa de situações de racismo. “Arma-nos intelectualmente, dá-nos armas para saber como responder e defender-nos de situações dessas”, comenta. Depois há muita gente que não é africana que vai ao Djidiu, ouve e passa a palavra. “O mal de muitas associações africanas é que se fecham entre os membros, temos a mesma luta mas parece que estamos acantonados e esquartejados. A Afrolis procura trazer pessoas.”




ENRIC VIVES-RUBIO

Alexandra Santos: Poeta em partes

“(…) Nesta linguagem de partes, que parte as pessoas em bocados, metades, pedaços, como se as pessoas não fossem por inteiro. Eu também sou negra porque há parte de mim que vem da negritude, sou parte de algo que me querem fazer acreditar não ter lugar em mim”.
Escreveu poemas como este, Partes, que leu no Djidiu. E apesar de regularmente o fazer, é uma descrente na sua obra, nem se se considera poeta. Identifica-se mais com a palavra de intervenção, com a poesia falada, com slam.
Alexandra Santos, Alexa, 29 anos, tem um blogue Queering Style, “espaço queer feminista que tem como missão a visibilidade de discursos e de identidades variadas” – começou como um blogue e é hoje um site e “sonho tornado realidade”. Tem várias colaborações e vertentes, da escrita à imagem.




No Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa, perto do local onde trabalha, Alexa diz-nos que o Djidiu é um espaço “muito importante” para fazer sentir às pessoas que podem ter voz, que há outras pessoas como elas, para sentirem “que não estão sozinhas no mundo”. Especialmente por ter um lado “genuíno” e despretensioso que faz quem lá vai sentir-se à vontade para levar algo que está menos acabado ou que não considera “bem poesia”, por exemplo.
A afirmação de um Clube dos Poetas Negros importa, defende. Sobretudo porque “dentro da nossa negritude – a minha mais clara do que outras – temos dificuldade em encontrar pessoas com quem nos identificamos, pelo menos no meu espaço a maioria das pessoas não são negras”.
Dá o exemplo do cabelo, e do facto de “ser assediada” muitas vezes por causa ele, uma experiência que é facilmente e rapidamente partilhável e compreendida por quem passa por ela. Falar sobre o tema, escrever, e intervir é dar voz a estas questões e aos próprios negros, diz. “Tudo isto é criação de espaço e movimento. Nesta construção de comunidade – as coisas acontecem-me a mim e não só a mim – o Djidiu é importante. E é importante nas suas especificidades. Nem todos os jovens negros se irão identificar com um espaço como aquele – mas é bom que exista, e há outros que se identificam, e por isso pode-se transformar numa espécie de família.”
Alexa tem mais poemas sobre a questão racial. É um tema que a faz reflectir através de vários pontos de vista. Por ser “mais clara” sente “discriminação dos dois lados”: sendo que “não se pode chamar discriminação quando um grupo minoritário (negros) não se sente à vontade com alguém que tem obviamente mais privilégio (brancos)”, defende. A negociação “que faço neste corpo” é “às vezes de muito esticar” e constantemente de “educar e ver onde me encaixo”, confessa. “Não sou branca efectivamente, mas depois também não sou negra efectivamente. Tenho constantemente que me explicar. Quando as pessoas dizem: ‘ah, olho para ti e não te vejo como mulher negra’. E em espaços de mulheres negras me dizerem: ‘não és branca? Já vi muitas mulheres brancas com o teu cabelo’. E a minha negritude não é o meu cabelo.”
São estas situações, quando a angustiam, que se tornam motor para escrever: “Entendo as tensões que a minha própria palavra traz
A mãe, mais escura, cabo-verdiana, não se posiciona como mulher negra – ou pelo menos Alexa nunca fala desta questão nem com a mãe, nem com as irmãs (é trigémea). “Porque não tenho mais amigos negros? É uma busca. E busca também para quebrar estereótipos que tinha na minha cabeça. Mas é um movimento consciente. Sou de Loulé, e durante muito tempo éramos as únicas miúdas mais escuras da turma, tanto que o nosso nome na escola eram as pretas: a preta 1, a preta 2 e a preta 3. Houve todo um exercício da minha parte para desconstruir isto – coisa que as minhas irmãs nunca fizeram.”
Perguntam-lhe qual é o problema de se identificar como uma mulher branca. Ela responde: “A questão é que o meu corpo não é branco. Isto custa explicar. Há dias que estou com vontade, outros em que só quero que a outra pessoa compreenda!”




ENRIC VIVES-RUBIO

Luz Gomes: A poeta do corpo

Para o Djidiu sobre a revolução e liberdade Luz Gomes criou um poema que se chama lIbErdAdE RevOlUcIOnÁrIA dO CoRPo. Lê-se assim: “Não acredito em nenhuma liberdade revolucionária que não passe pelo meu corpo de menina-mulher da pele preta… Que não venha das minhas entranhas de vida sanguínea… (…) Não acredito em nenhuma liberdade revolucionária que não poetise a reinvenção fragmentada de cotidianos do meu corpo de menina-mulher da pele preta...”
Brasileira do Recôncavo baiano, a viver em Portugal há dois anos, Luz Gomes está a fazer um doutoramento em museologia sobre galerias de arte que trabalham com artistas angolanos em Lisboa. Em quase todos os espaços é confundida com uma africana. É uma questão “perversa”, considera: as pessoas não a associam ao estereótipo da brasileira e “olham para o meu fenótipo e atrelam a África”.  




Leitora de escritores como Manoel de Barros, Anaïs Nin, Odete Semedo, Toni Morrison, Rainer Maria Rilke, Pablo Neruda, é autora de um blogue que se chama Etnografias poéticas de mim. Tem ido aos encontros do Djidiu desde o princípio, com alguns intervalos, e lá sempre leu os seus textos. “Acredito no Djidiu como espaço importante nessa discussão que não é simplesmente o texto, mas esse corpo que fala – eu sempre penso a partir do corpo. Porque todos os processos de opressão que a gente sofre vêm pelo corpo: é o corpo que sente física ou emocionalmente. É interessante pensar nos corpos negros nesses espaços do centro [de Lisboa], falando poesia e de questões que atingem a população negra”.
Não há maneira de não comparar a questão racial em Portugal e no Brasil, nota. Algumas coisas são comuns. “Sempre nos vêem como bons bailarinos, bons músicos, mas a escrita nos é cara. A gente nunca está sendo colocada nesse patamar – e quando escreve, a qualidade do trabalho é sempre questionada.”
Por isso o Djidiu é importante para trazer estas questões, bem como a liberdade de, como negra, falar da questão do racismo mas também de amor ou de outra coisa qualquer – algo que Luz Gomes faz na sua poesia, que anda muito à volta de temas como o amor e a mulher. “Não consigo pensar nessas questões fora do meu corpo, porque quando sou discriminada é por causa do meu corpo.”
Se por um lado não há forma de pensar Lisboa senão como um lugar onde há música feita por africanos e seus descendentes, noutros espaços nota que é a única negra. “Tem uma população negra no centro que circula mas não está presente em alguns espaços. Ou tem essa população na música mas não na poesia.”
Djidiu pode ser espaço onde as pessoas se sintam à vontade e falem  de forma aberta. “A gente tem que se ver em diferentes espaços: eu não tenho que abrir o jornal e ver a população negra atrelada à criminalidade. A gente quer se ver de outras formas e a partir dos nossos olhares”, continua.
Em Portugal e Brasil os negros têm que procurar um espaço, e muitas vezes isso é “mal interpretado”, continua. As pessoas dizem “a arte é para todo mundo”, não se deve separar. “Mas se os indivíduos na sociedade não são tratados de forma igual, se a mulher não é tratada de forma igual, se negro não é tratado de forma igual, como me quer convencer que a produção dessas pessoas será vista de forma igual?”




ENRIC VIVES-RUBIO

Santiago d’Almeida Ferreira: Artivista da negritude e do feminismo

Naquela tarde de Março do primeiro Djidiu de que Carla Fernandes falava, foi Santiago d’Almeida Ferreira quem tomou a palavra no palco e desabafou que já tinha estado noutros encontros literários mas nunca tinha se tinha sentido à vontade para ler o seu Foge do Bandido. Ali leu: “Queres? Queres mesmo? Queres mesmo tirar me a pele? Escaldar-me a cor, e pelar me a voz? Queres mesmo que seja escuro, negro, preto e fusco? Queres que corra, tente fugir? Que me coce com palha-de-aço e beba água das poças de óleo que a terra derrama?”
Até há pouco tempo não se considerava poeta. Mas no blogue Conjecturações Desmielinizantes podemos ler vários dos seus poemas. Nem todos falam das questões da negritude. Santiago d’Almeida Ferreira, 27 anos, nascido em Viseu diz ter sido o primeiro português a admitir que é intersexo – algo a que o senso comum chama “erradamente” de “hermafrodita”. “O intersexo é um espectro muito grande”, e não “é apenas a genitália”.




A viver há dois anos em Lisboa, é artivista – um artista e activista pelo anti-racismo e feminismo. Foi bailarino, coreógrafo, trabalhou em restaurantes e está neste momento a estudar Antropologia. Co-fundou em 2015 a sua associação, Acção pela Identidade, que se dirige à defesa e estudo da diversidade de género e de características sexuais, incluindo a experiência das pessoas trans e intersexo, cruzadas com questões de raça e etnia, por exemplo. “Trabalhamos na primeira pessoa, e isso significa que somos especialistas das nossas próprias causas”, diz. “É muito importante haver alianças entre comunidades, e a própria comunidade LGBT perceber que há pessoas negras – estamos a trazer essa interseccionalidade e fomos pioneiros nisso”. Isto porque também se depara com “bastante racismo no activismo LGBT dominado por pessoas brancas”, queixa-se.  
Desde sempre que sofre discriminação, desabafa. “O racismo sempre foi muito presente. Nasci em Portugal, o meu pai é de Angola e a minha mãe de Viseu e não fui criado com os meus pais biológicos. Na escola chamavam-me preto”.
No Djidiu encontrou muita gente com quem se identificou. Grande parte do seu background veio de África, por isso não tem problemas em se identificar como afrodescendente. “Por ter consciência que a minha pele era negra, diferente, essa questão esteve sempre presente nos meus textos. Não podia dizer noutras plataformas que sofri racismo no trabalho. Mas na escrita podia, de forma quase escondida, transmitir essa dor e sofrimento – hoje escrevo menos na base da dor e mais na base da reflexão”. De qualquer maneira, “está marcado no meu corpo ser inter sexo e ser negro, é uma pele que não dispo”.
No Djidiu identificou-se mais com os poemas que falavam sobre a actualidade. Nota que ainda “existe uma grande necessidade de falar sobre racismo”. “Estamos a querer falar, a querer gritar, a dizer: ‘Hey, temos andado aqui, porque não estamos a ter o mesmo tempo de antena?’ Senti isso. Estávamos todos a querer dizer a mesma coisa, porque foi isso que eu fui fazer. Há um espaço para eu falar. Enquanto afrodescendentes estamos nesse momento do ‘grito’ e de querer falar.”

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Carolina Maria de Jesus


Não digam que fui rebotalho,
que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho,
mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro
que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro
para pagar uma editora.
Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo, 1960


Carolina Maria de Jesus por Elena Pajaro Peres. 
Poética da diáspora, Pesquisa Fapesp, maio 2015


  
A ROSA

Eu sou a flor mais formosa
Disse a rosa
Vaidosa!
Sou a musa do poeta.

Por todos su contemplada
E adorada.

A rainha predileta.
Minhas pétalas aveludadas
São perfumadas
E acariciadas.

Que aroma rescendente:
Para que me serve esta essência,
Se a existência
Não me é concernente...

Quando surgem as rajadas
Sou desfolhada
Espalhada
Minha vida é um segundo.
Transitivo é meu viver
De ser...
A flor rainha do mundo.

Carolina Maria de Jesus, em Antologia pessoal. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

DÁ-ME AS ROSAS

No campo em que eu repousar
Solitária e tenebrosa
Eu vos peço para adornar
O meu jazigo com as rosas

As flores são formosas
Aos olhos de um poeta
Dentre todas são as rosas
A minha flor predileta

Se a afeiçoares aos versos inocentes
Que deixo escritos aqui
E quiseres ofertar-me um presente
Dá-me as rosas que pedi.

Agradeço-lhe com fervor
Desde já o meu obrigado
Se me levares esta flor
No dia dos finados.

Carolina Maria de Jesus, em Antologia pessoal. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.169.

HUMANIDADE

Depôis de conhecer a humanidade
suas perversidades
suas ambições
Eu fui envelhecendo
E perdendo
as ilusões
o que predomina é a
maldade
porque a bondade:
Ninguem pratica
Humanidade ambiciosa
E gananciosa
Que quer ficar rica!
Quando eu morrer...
Não quero renascer
é horrivel, suportar a humanidade
Que tem aparência nobre
Que encobre
As pesimas qualidades

Notei que o ente humano
É perverso, é tirano
Egoista interesseiros
Mas trata com cortêzia
Mas tudo é ipocresia
São rudes, e trapaçêiros

Carolina Maria de Jesus,  em Meu estranho diário. São Paulo: Xamã, 1996. (grafia original)

[MUITAS FUGIAM AO ME VER]

Muitas fugiam ao me ver
Pensando que eu não percebia
Outras pediam pra ler
Os versos que eu escrevia

Era papel que eu catava
Para custear o meu viver
E no lixo eu encontrava livros para ler
Quantas coisas eu quiz fazer
Fui tolhida pelo preconceito
Se eu extinguir quero renascer
Num país que predomina o preto

Adeus! Adeus, eu vou morrer!
E deixo esses versos ao meu país
Se é que temos o direito de renascer
Quero um lugar, onde o preto é feliz.

Carolina Maria de Jesus, em Antologia pessoal. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

SONHEI

Sonhei que estava morta
Vi um corpo no caixão
Em vez de flores eram Iivros
Que estavam nas minhas mãos
Sonhei que estava estendida
No cimo de uma mesa
Vi o meu corpo sem vida
Entre quatro velas acesas

Ao lado o padre rezava
Comoveu-me a sua oração
Ao bom Deus ele implorava
Para dar-me a salvação
Suplicava ao Pai Eterno
Para amenizar o meu sofrimento
Não me enviar para o inferno
Que deve ser um tormento

Ele deu-me a extrema-unção
Quanta ternura notei
Quando foi fechar o caixão
Eu sorri... e despertei.

Carolina Maria de Jesus, em Antologia pessoal. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.174.


QUARTO DE DESPEJO 

Quando infiltrei na literatura
Sonhava so com a ventura
Minhalma estava chêia de hianto
Eu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de Despejo
Concretisava assim o meu desejo.
Que vida. Que alegria.
E agora... Casa de alvenaria.
Outro livro que vae circular
As tristêsas vão duplicar.
Os que pedem para eu auxiliar
A concretisar os teus desejos
Penso: eu devia publicar...
– o ‘Quarto de Despejo’.

No início vêio adimiração
O meu nome circulou a Nação.
Surgiu uma escritora favelada.
Chama: Carolina Maria de Jesus.
E as obras que ela produz

Deixou a humanidade habismada
No início eu fiquei confusa.
Parece que estava oclusa
Num estôjo de marfim.
Eu era solicitada
Era bajulada.
Como um querubim.

Depôis começaram a me invejar.
Dizia: você, deve dar
Os teus bens, para um assilo
Os que assim me falava
Não pensava.
Nos meus filhos.

As damas da alta sociedade.
Dizia: praticae a caridade.
Doando aos pobres agasalhos.
Mas o dinheiro da alta sociedade
Não é destinado a caridade
É para os prados, e os baralhos

E assim, eu fui desiludindo
O meu ideal regridindo
Igual um côrpo envelhecendo.
Fui enrrugando, enrrugando...
Petalas de rosa, murchando, murchando
E... estou morrendo!

Na campa silente e fria
Hei de repousar um dia...
Não levo nenhuma ilusão
Porque a escritora favelada
Foi rosa despetalada.
Quantos espinhos em meu coração.
Dizem que sou ambiciosa
Que não sou caridosa.
Incluiram-me entre os usurários
Porque não critica os industriaes
Que tratam como animaes.
– Os operários...

Carolina Maria de Jesus, em Meu estranho diário. São Paulo: Xamã, 1996, p. 151-153. (grafia original)


Disponível em linha seis obras de Carolina Maria de Jesus, aqui: https://www.dropbox.com/sh/e67jbpvtzxv3azi/AABpolBjwhfawXw8LbXG8Koaa?dl=0




Quem foi Carolina?
“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.”
– Carolina Maria de Jesus, em Quarto de despejo, 1960.
A escritora nasceu em Sacramento MG, 1914 – São Paulo SP. Autora de diários e romance e também poeta. De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância.
Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento, em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de melhores condições de vida.
De 1948 a 1961, reside na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso editorial.
Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963, publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão.
Em função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na França.”
“Carolina de Jesus: a precursora da literatura marginal (e não só isso)”,  Revista Pazes, 2016-02-14


Carolina Maria de Jesus autografando 
seu livro O Quarto de Despejo, 1960


ESCRITORA BRASILEIRA

Carolina Maria de Jesus

1914, Sacramento (MG)
1977, São Paulo (SP)​



Autor Agência Brasil, http://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm

Eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos. A metáfora é forte e só poderia ser construída dessa forma, em primeira pessoa, por alguém que viveu essa condição. Relatos como este foram descobertos no final da década de 1950 nos diários da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.
Nascida em Sacramento (MG), Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
É um documento sobre o que um sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão, avalia Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira favela que se aproximou do centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.
Uma mulher briguenta que ameaçava os vizinhos com a promessa de registrar as discórdias em um livro. É assim que Audálio recorda Carolina nos primeiros encontros. “Qualquer coisa ela dizia: Estou escrevendo um livro e vou colocar vocês lá. Isso lhe dava autoridade”, relatou. Ao ser convidado por ela para conhecer os cadernos, o jornalista se deparou com descrições de um cotidiano que ele não conseguiria reportar em sua escrita. “Achei que devia parar com a minha pesquisa, porque tinha quem contasse melhor do que eu. Ela tinha uma força, dava pra perceber na leitura de dez linhas, uma força descritiva, um talento incomum”, declarou.
Apesar de os cadernos conterem contos, poesias e romances, Audálio se deteve apenas em um diário, iniciado em 1955. Parte do material foi publicado em 1958, primeiramente, em uma edição do grupo Folha de S.Paulo e, no ano seguinte, na revista “O Cruzeiro”, inclusive com versão em espanhol. “Houve grande repercussão. A ideia do livro coincidiu com o interesse da Editora Francisco Alves”, relatou. O material, editado por Audálio, não precisou de correção. “Selecionei os trechos mais significativos. O texto foi mantido na sintaxe dela, na ortografia dela, tudo original”, apontou.
  • A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus é autora de "Quarto de Despejo"
Entre descrições comuns do cotidiano, como acordar, buscar água, fazer o café, Audálio encontrou narrativas fortes que desvendavam a vida de uma mulher negra da periferia. Ela conta que tinha um lixão perto da favela, onde ela ia catar coisas. Lá, ela soube que um menino, chamado Dinho, tinha encontrado um pedaço de carne estragada, comeu e morreu. Ela conta essa história sem comentário, praticamente. Isso tem uma força extraordinária, exemplificou.
Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos. Para Audálio, o depoimento ganha ainda mais importância por ser real. Um escritor pode ficcionar isso, mas ela estava sentido, disse.
Audálio relata que Carolina tinha muita confiança no próprio talento e já se considerava uma escritora, mesmo antes da publicação. “Quando o livro saiu, a alegria dela foi muito grande, mas era uma coisa esperada”, relatou. O sucesso da primeira publicação, no entanto, não se repetiu nos outros títulos. Após o sucesso de “Quarto de Despejo”, a Editora Francisco Alves encomendou mais uma obra, a partir dos diários escritos por ela quando já morava no bairro Alto de Santana, região de classe média. Surgiu então o “Casa de Alvenaria” (1961) que, segundo o jornalista Audálio Dantas, responsável pela edição do material, vendeu apenas 10 mil exemplares.
Audálio lembra que Carolina se considerava uma artista e tinha pretensões de enveredar por diferentes ramos artísticos. Um deles foi a música. Em 1961, ela lançou um disco com o mesmo título de seu primeiro livro. A escritora interpreta 12 canções de sua autoria, entre elas, O Pobre e o Rico”. Rico faz guerra, pobre não sabe por que. Pobre vai na guerra, tem que morrer. Pobre só pensa no arroz e no feijão. Pobre não envolve nos negócios da nação, diz um trecho da canção.
Para o jornalista, a escritora foi consumida como um produto que despertava curiosidade, especialmente da classe média. Costumo dizer que ela foi um objeto de consumo. Uma negra, favelada, semianalfabeta e que muita gente achava que era impossível que alguém daquela condição escrevesse aquele livro, avaliou. Essa desconfiança, segundo Audálio, fez com que muitos críticos considerassem a obra uma fraude, cujo texto teria sido escrito por ele. A discussão era que ela não era capaz ou, se escreveu, aquilo não era literatura, recordou.
Carolina de Jesus publicou ainda o romance Pedaços de Fome e o livro “Provérbios”, ambos em 1963. De acordo com Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas significativas. Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).





Poética de resíduos

Pesquisas vão além dos aspectos testemunhais da obra de Carolina Maria de Jesus e buscam definir seu estilo e seus parentescos culturais
Márcio Ferrari | ED. 231 | MAIO 2015, http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/05/15/poetica-de-residuos/



Cinquenta e cinco anos depois de Quarto de despejo, estreia em livro da escritora Carolina Maria de Jesus, o interesse por sua obra continua se desdobrando e tomou impulso em 2014, ano de seu centenário de nascimento – presumido, porque a própria Carolina não tinha certeza sobre a data e há discrepâncias de dados entre sua certidão de nascimento e a de batismo. Definida como “favelada” no subtítulo do livro (Diário de uma favelada), Carolina hoje é revisitada sob diversos ângulos, dada a riqueza de sua produção inédita, ou quase, e de sua vida de altos e baixos.
“Escritora, lavradora, catadora de papel, compositora, sambista, poetisa, dramaturga, cantora, atriz circense, raizeira [quem usa raízes em tratamento médico]”, assim a descreve a historiadora Elena Pajaro Peres em sua tese de doutorado Exuberância e invisibilidade. Populações moventes e cultura em São Paulo, 1942 ao início dos anos 70, defendida em 2007 no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Elena desenvolve agora no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP pesquisa de pós-doutorado sobre a diáspora africana nos manuscritos de Carolina.
A presença de Carolina (1914-1977) em círculos acadêmicos no Brasil e no exterior contrasta com o quase total desconhecimento de seu nome pelo público leitor. A sua época, entretanto, Quarto de despejo foi um fenômeno de vendas. A primeira tiragem, de 10 mil exemplares, se esgotou em três dias, outros 90 mil foram vendidos em seis meses. No exterior, ganhou tradução em 14 idiomas. A publicação do livro aconteceu depois de uma reportagem do jornalista Audálio Dantas na favela do Canindé, uma das primeiras de São Paulo. Um encontro casual com Carolina o levou a conhecer os escritos – contidos em cerca de 20 cadernos – que selecionou e editou, alterando a pontuação, mas mantendo a ortografia e a gramática originais. Carolina, que estudou apenas até o 2º ano do então chamado curso primário em sua cidade natal, Sacramento, em Minas Gerais, sempre havia confiado no potencial de publicação do que escrevia. Trechos de seus cadernos já tinham saído em reportagens de jornais, entre elas a de Audálio Dantas, publicada em 1958 na Folha da Noite. Dois anos depois sairia Quarto de despejo, já com expectativa de público.
Carolina publicaria ainda três livros em vida, com repercussão incomparavelmente menor do que a obra que a celebrizou, e deixou guardados “mais de 5 mil páginas manuscritas, totalizando 58 cadernos que contêm sete romances, mais de 60 textos com características de crônicas, fábulas, autobiografia e contos, mais de 100 poemas, quatro peças de teatro e 12 marchinhas de Carnaval”, segundo levantamento feito pela doutoranda Raffaella Fernandez, que atualmente trabalha na pesquisa Narrativas de Carolina Maria de Jesus: Processo de criação de uma poética de resíduos, no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Todo esse material se encontra espalhado, e novos manuscritos podem aparecer. “Sempre que se trabalha com pessoas em movimento, tem-se que lidar com a dispersão dos documentos”, diz Elena. “Carolina entregou muitos escritos a outras pessoas, na esperança de publicá-los, e, em suas constantes mudanças, foi obrigada a deixar para trás alguns livros que colecionava com carinho.” Mesmo suas obras publicadas são difíceis de encontrar. Elena Peres pôde consultar os microfilmes de seus manuscritos na Biblioteca do Congresso em Washington, que guarda também uma cópia de todos os livros de Carolina, inclusive o romance Pedaços da fome, de 1963, e seu único disco, gravado pela RCA Victor. Os mesmos microfilmes também estão disponíveis na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, mas no catálogo da BN não constam todos os seus livros.


Foi nos livros Provérbios Diário de Bitita – memórias de infância da escritora, publicadas inicialmente na França, em 1982, e quatro anos depois no Brasil – que a pesquisadora tem encontrado os principais vínculos entre Carolina e a cultura da diáspora africana no continente americano. “Consegue-se perceber conexões com tradições africanas que davam muita importância à palavra escrita”, diz Elena. A historiadora identifica em particular um elo com a cultura de Cabinda, hoje província de Angola, que liga a escritora à África Central. Seu avô, a quem ouvia com devoção quando criança, era ex-escravo e seus pais vinham dessa região de cultura banto, onde o exercício da formação moral e da busca do caminho reto era feito por meio de diálogos e provérbios, muitas vezes pictografados em tecidos e cerâmicas.
Elena, que esteve por 12 meses em estágio de pós-doutorado no African American Studies da Boston University e que vem dialogando com africanistas e estudiosos das diásporas africanas, relaciona essa preocupação quanto à firmeza de caráter com a tradição musical afro-norte-americana do spirituals. “Como os provérbios, os spiritualscomunicam o caminho a ser seguido e lamentam os seus desvios, recriando uma ética religiosa e política que foi constantemente retomada nos discursos em prol dos direitos civis, especialmente nas décadas de 1950 e 1960”, explica Elena. O avô de Carolina era cristão e comandava a reza do terço em Sacramento, o que lhe conferia autoridade moral e proeminência na comunidade.
Quando foram lançados Quarto de despejo, Casa de alvenaria (memórias de sua vida depois do sucesso do primeiro livro) ou Antologia pessoal (reunião de poemas organizada pelo historiador José Carlos Bom Meihy, publicada em 1996), costumava-se criticar a escritora por não refletir sobre sua condição de mulher e negra. No entanto, textos sobre esses assuntos encontram-se espalhados pelos inéditos e mesmo em passagens publicadas que não foram suficientemente levadas em conta na época. A doutoranda Raffaella destaca poemas e outras passagens dos escritos de Carolina que formam um conjunto ambíguo sobre essas questões – ora a autora incorpora preconceitos, ora reivindica a emancipação de negros e mulheres. Na vida, a escritora sempre se manteve tão independente quanto pôde. Preferiu ser catadora de papel a empregada doméstica e nunca quis se casar – teve três filhos de pais diferentes.

Parte de conto publicado postumamente, em 2014, e disponível on-line
Para Elena, a noção de pertencimento à cultura negra se alimentou também do abolicionismo dos poetas românticos brasileiros e das ideias de intelectuais como Rui Barbosa e José do Patrocínio, aos quais Carolina teve acesso por influência de um oficial de Justiça mulato de Sacramento, que lia trechos de jornais para os negros da cidade que não sabiam ler. Nos exíguos dois anos em que estudou numa escola espírita, Carolina tomou gosto pela leitura, e o primeiro livro que leu inteiro, emprestado por uma vizinha, foi A escrava Isaura, do romântico Bernardo Guimarães. Dali para frente, continuou lendo tudo o que lhe caía nas mãos, entre livros achados ou recebidos em doação, o que formou um repertório de referência muito particular. “Os escritos de Carolina têm trechos poéticos de um grande refinamento e que não correspondem exatamente à literatura do período em que foram produzidos”, diz Elena.
Quando se mudou para São Paulo, em 1937, sozinha, deixando para trás família e livros, Carolina passou a escrever furiosamente. Pelos relatos que deixou, sabe-se que sua cabeça era inundada por “pensamentos poéticos”. Uma de suas anotações diz: “Sentia ideias que eu desconhecia”. Para Elena, esse despertar inesperado dá continuidade a uma espécie de missão de procura da sabedoria incutida por seu avô e impregnada de uma cultura ancestral. “Talvez ela não houvesse vindo para São Paulo se não sentisse essa necessidade”, diz a pesquisadora. “Na cidade grande, Carolina se isolou e encontrou a literatura.” Com isso, conjugou uma voz própria com a vivência que trazia do entorno. De acordo com Elena, a expressão “quarto de despejo”, numa metáfora da escritora, refere-se à favela como um lugar em que a sociedade “guarda” o que não quer mostrar na sala de visitas.
O livro de estreia da autora foi recebido como um relato testemunhal da vida na favela e, segundo Elena, no exterior continua residindo aí o interesse principal despertado pela escritora. O impacto e o incômodo imediatos causados pelo livro foi tanto que logo a prefeitura de São Paulo, na gestão do prefeito Prestes Maia (1961-65), começou uma campanha bem-sucedida de derrubada da favela do Canindé, o que resultou na remoção forçada dos moradores. Essa ação da prefeitura incentivou um grupo de estudantes a criar o Movimento Universitário do Desfavelamento (MUD), que, com a ajuda de grandes empresas, atuou na remoção de outras favelas.
A doutoranda Raffaella defende um deslocamento de abordagem que se detenha nos aspectos propriamente literários da obra de Carolina – um terreno em que mesmo o aspecto informativo dos escritos pode ser relativizado. “O universo ficcional está sempre muito presente”, diz, por sua vez, Elena Peres. “Há memória na ficção e ficção no testemunho, como também ocorre em outros autores.” A pesquisadora defende também a superação dos limites da literatura “de periferia, marginal” a que Carolina é frequentemente circunscrita. “Isso é importante, mas ficaríamos apenas com a visão do lugar e da época em que viveu após deixar sua família”, diz, ao se referir às redes transnacionais que vem traçando a partir da obra da autora.
“Como escritora, Carolina está além das determinações imediatas”, ressalta Raffaella, que organizou e promoveu a publicação do livro Onde estaes felicidade?, com dois contos inéditos da autora, em 2014 (disponível em www.letraria.net), e agora prepara a edição de um livro infantil e outro infantojuvenil. Em seu trabalho acadêmico, ela define a produção de Carolina como uma “poética de resíduos”, na qual se misturam discursos e gêneros literários e não literários, dos poemas românticos aos textos jornalísticos, das letras de sambas à radionovela e da norma culta à oralidade, à qual se incorpora um sotaque mineiro. Esse grande amálgama leva Raffaella a aproximar a atividade de catadora de papel à de escritora. “A literatura de Carolina também sobrevive de uma catação de discursos”, conclui.
Projeto
Escrita proibida. Expressão romântica e diáspora africana nos manuscritos de Carolina Maria de Jesus (nº 2012/10784-6); Modalidade Bolsa no Brasil – Pós-doutorado;Pesquisadora responsável Elena Pajaro Peres (IEB-USP); Investimento R$ 164.743,02.




Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo Audálio Dantas

Carolina Maria de Jesus - a voz dos que não têm a palavra

Templo Cultural Delfos, Elfi Kürten Fenske - Ano VI, 2016. http://www.elfikurten.com.br/2014/05/carolina-maria-de-jesus.html


"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler.
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)"
- Carolina Maria de Jesus, em Meu estranho diário. São Paulo: Xamã, 1996, p. 167.

Carolina Maria de Jesus (Sacramento MG, ca.1914 - São Paulo SP, 13 de fevereiro de 1977). Autora de diários e romance e também poeta. De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento, em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de melhores condições de vida. De 1948 a 1961, reside na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso editorial. Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963, publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão. Em função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na França.

Carolina Maria de Jesus - foto: (...)
Comentário Crítico
Em Quarto de Despejo, a mulher negra e favelada, com pouca escolaridade, registra o cotidiano de pobreza que rege seus dias, bem como a humilhação social e moral a que estão sujeitos os habitantes da favela do Canindé. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades cronológicas, não apresentam quebras na estrutura narrativa: cada dia é igual a todos os outros, e o que conduz o fluxo da vida é a fome e a luta contra ela. Nelas se pode constatar que o trabalho, precário, não traz mais do que a condição mínima da sobrevida e a reprodução da pobreza.
Nos apontamentos de seu dia-a-dia, Carolina Maria de Jesus oscila entre desânimo e alegria, sentimentos norteados pela carência de condições materiais para manter-se e a seus filhos em situação digna. Ao tratar dos outros moradores da favela, Carolina Maria de Jesus busca diferenciar-se e deixa documentada, em tom de denúncia ou de moralização, a perda da honra daqueles que, excluídos, estão no "quarto de despejo" da cidade. Escrever sobre a favela não é apenas uma forma de tentar dar sentido à própria vida, mas também de revelar a miserabilidade implicada na modernização dos anos 1950.
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo
Jornal Ultima Hora  (29.07.1959)
O relato do cotidiano da favela é direto e cru, sem que se temam os temas-tabus, como a ocorrência de incestos e de relações promíscuas, bem como o horror que a fome pode produzir. Estilisticamente, os recursos da repetição e das frases feitas indicam, no plano do sentido, o fechamento e a imobilidade do mundo social ali representado; a cada entrada no diário, a autora anota o horário em que acorda, os gastos que terá se quiser se alimentar e vestir os filhos e o que poderá, ou não, acumular em dinheiro, o qual tem valor concreto e imediato, quase como um objeto. Os momentos de lirismo aparecem em anotações sobre a natureza, que surge como contraponto ao estado da miserabilidade a que são confinados os pobres.
Fugindo aos cânones do que se considera "literatura" em meios acadêmicos, Quarto de Despejo é mais do que um simples depoimento; trata-se de uma obra em que, a despeito das condições materiais e culturais de sua autora, constrói-se uma forte e única representação da dinâmica social urbana, vista pelo ângulo dos que são lançados à margem. Carolina Maria de Jesus escreve para denunciar a favela e para sair dela; escreve também para, diferenciando-se dos outros moradores, lutar contra o rebaixamento a que estão sujeitos os miseráveis, num momento em que se anuncia novo salto modernizador de São Paulo e do Brasil.
Carolina Maria de Jesus - foto: (...)
Em Casa de Alvenaria, notam-se mais explicitamente as contradições da autora quanto ao que deseja para si mesma e para sua família. Também ficam patentes suas hesitações com relação  aos anseios por reconhecimento público ou ao repúdio pelos mecanismos sociais que dificultam o trajeto profissional como escritora. Essa conjunção, por vezes discrepante, ajuda a entender as razões pelas quais essa obra é considerada pouco significativa e muito voltada para o trajeto instável de um indivíduo. Confinada à forma do diário, Carolina Maria de Jesus parece se sentir compelida a repetir uma fórmula, cujo efeito não tem a força de revelação de Quarto de Despejo. A figura da ex-favelada não desperta interesse, porque ela e sua obra são objeto de atenção apenas enquanto revelam a face negativa do desenvolvimentismo; já as oscilações ideológicas da mulher que, famosa, busca a atenção da imprensa e do público não trazem à época elementos que se julguem significativos.
Diário de Bitita, publicado após a morte da autora, resgata a força literária da produção de Carolina Maria de Jesus. Trata-se de memórias da infância e da adolescência, em Sacramento e nas fazendas onde trabalha como colona, bem como de seus primeiros tempos em Franca. Nesta obra, os temas da injustiça social, da opressão, do preconceito contra os negros, dos abusos dos poderosos são apresentados a partir da perspectiva daquela que os viveu. Apesar de suas condições materiais, Carolina Maria de Jesus lutou para conquistar dignidade e para se constituir como alguém que resiste à exploração e à desumanização. A obra testemunha a história dessa luta e da opressão a que estão confinados os pobres no Brasil das primeiras cinco décadas do século XX.


"A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960.


CRONOLOGIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus,
ilustração de Pedro Sobrinho
ca. 1914 - Nascimento de Carolina Maria de Jesus, em Sacramento, Minas Gerais;
ca. 1923 - Matrícula de Carolina Maria de Jesus no Colégio Alan Kardec, em Sacramento;
ca. 1924/1927 - A família e Carolina vivem como lavradores em fazenda em Lageado, Minas Gerais;
1927 - Carolina Maria de Jesus e família retornam para Sacramento, Minas Gerais;
1930 - Muda-se, com a família, para Franca, São Paulo, onde trabalha como lavradora em uma fazenda e depois, na cidade, como empregada doméstica;
1937 - Morre a mãe de Carolina Maria de Jesus que, então, em 31 de janeiro, vai para São Paulo, onde trabalha como faxineira de hotel e empregada doméstica;
1941 - 24 de fevereiro - Publicação da foto de Carolina Maria de Jesus em Folha da Manhã, ao lado do jornalista Willy Aureli;
1941 - Publicação de poema de Carolina Maria de Jesus em louvor a Getúlio Vargas no jornal Folha da Manhã;
1948 - Muda para a favela do Canindé;
1948 - Nascimento do primeiro filho, João, depois do relacionamento com um marinheiro português, que a abandona;
1950 - Nascimento do segundo filho, José Carlos, após relacionamento com um espanhol;
1953 - Nascimento do terceiro filho, Vera Eunice, após relacionamento com um dono de fábrica e comerciante;
1955 - Em 15 de julho, inicia os registros, em diário, sobre a vida na favela;
1958 - Primeiro contato do jornalista Audálio Dantas com Carolina Maria de Jesus, devido à reportagem para Folha da Noite sobre o playground instalado na favela do Canindé;
1959 - A revista O Cruzeiro, onde Audálio Dantas passara a trabalhar, publica trechos dos diários;
1960 - Publicação de Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, em edição de Audálio Dantas, com tiragem inicial de dez mil exemplares.Na noite de autógrafos, foram vendidos 600 exemplares; no primeiro ano, com várias reedições, mais de cem mil exemplares;
1960 - Sai da favela do Canindé e muda-se inicialmente para os fundos da casa de um amigo, em Osasco. Pouco depois, instala-se na casa que comprara, no Alto de Santana;
1960 - Homenageada pela Academia Paulista de Letras e pela Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo;
1961 - Viaja à Argentina (onde é agraciada com a "Orden Caballero Del Tornillo"), ao Uruguai e ao Chile. Viaja também para várias regiões do Brasil. Na Feira do Livro do Rio de Janeiro desentende-se com Jorge Amado;
1961 - Publicação de Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, com apresentação de Audálio Dantas. Pouca repercussão da obra, que não agradou nem ao público comum, nem aos setores intelectualizados;
1963 - Pedaços da Fome, romance, é publicado, com apresentação de Eduardo de Oliveira, tendo sido recebido com indiferença pela imprensa;
1964 - Jornal publica foto em que se registra a autora nas ruas, catando papéis;
1965 - Provérbios é publicado, com edição da autora, e sem nenhuma repercussão;
1969 - Muda-se, com os filhos, para o sítio em Parelheiros, bairro na periferia de São Paulo;
1972 - Anuncia que escreve O Brasil para os Brasileiros, o que é ridicularizado pela imprensa. Posteriormente, parte desse material é editada como Diário de Bitita;
1975 - Produção, na Alemanha, de O Despertar de um Sonho (sobre a vida de Carolina Maria de Jesus), com direção de Gerson Tavares, cuja exibição é proibida no Brasil;
1976 - Relançamento, no Brasil, de Quarto de Despejo, pela Ediouro;
1977 - 13 de fevereiro - morte de Carolina Maria de Jesus;
---------
Carolina Maria de Jesus,
ilustração de Pedro Sobrinho
1977 - A Scappelli Film Company propõe a realização de um filme a partir de Quarto de Despejo, cuja realização, porém, não se efetiva, apesar de ter havido pagamento parcial de direitos autorais;
1991 - Karen Brown faz roteiro Passion Flower: The Story of Carolina Maria de Jesus para um documentário sobre Carolilina Maria de Jesus, Los Angeles;
2004 - Em comemoração ao Ano Nacional da Mulher, por iniciativa do Senado, a Coordenação da Mulher da Cidade de São Paulo lança o Calendário "Mulheres que estão no mapa", com homenagem a Carolina Maria de Jesus exposta no mês de novembro;
2004 - Inauguração da Rua Carolina Maria de Jesus, no bairro de Sapopemba;
2005 - É inaugurada a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, com acervo inicial de 2000 livros sobre a formação da identidade nacional com a perspectiva da participação do negro, no Museu Afro Brasil/Parque do Ibirapuera.

"Fui ver o livro. E pela primeira vêz entrei no barraco número 9 da Rua A, favela do Canindé. E vi os cadernos do guarda-comida escuro de fumaça. Narrativa diária da vida de Carolina e da vida da comunidade-favela. Coisa bem contada, assim como aparece agora em letra de fôrma, sem tirar nem pôr. Eu vi eu senti. Ninguém podia melhor do que a negra Carolina escrever histórias tão negras. Nem escritor transfigurador poderia arrancar tanta beleza triste daquela miséria tôda. Nem repórter de exatidão poderia retratar tudo aquilo no sêco escrever. Foi por isso que eu disse assim para Carolina Maria de Jesus, lá mesmo, na horinha que lia trechos de seu diário: 
___ Eu prometo que tudo isto que você escreveu sairá num livro."
- Audálio Dantas, em “Nossa irmã Carolina. Apresentação do livro "Quarto de despejo", São Paulo: Francisco Alves, 1960.

OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo 
Ultima Hora (17.06.1960).
Memórias e diários
:: Quarto de despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1960, 182p.
:: Casa de Alvenaria. Diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1961, 183p.
:: Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 203p. [Publicado primeiro na França, sob o título: Journal de Bitita. (Tradução Régine Valbert). Paris: A. M. Métailié, 1982].
:: Meu estranho diário. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine). São Paulo: Xamã, 1996, 314p.

Romance

:: Pedaços da fome. [apresentação Eduardo de Oliveira]. São Paulo: Editora Áquila, 1963, 217p.
Aforismos
:: Provérbios. São Paulo: Luzes - Gráfica Editôra Ltda, 1965, 61p.

Poesia
:: Antologia Pessoal.(Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, 235p.

Outros textos
:: As crianças da favela. Revista do Magistério. São Paulo, n. 24: 8, dez. 1960, p. 18-
19. 
:: Sócrates africano. (conto). in: São Paulo: Revista Escrita (editada Wladyr Náder), nº 11, 1976, p 5 -6.; e in: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994, p.190-196. 
:: Minha vida. In: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a 
saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994, p. 172-189. 
:: Diario de viaje: Argentina, Uruguai, Chile. [Apêndice]. In: JESUS, Carolina Maria de. Casa de ladrillos. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963, p. 128-191.
:: Onde estais felicidade?.Movimento, 21 fev. 1977.
Inéditos *
:: Obrigado Senhor vigário (peça de teatro). mimeo, s/d.
:: O escravo (romance).

Antologias

:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. (Organização de Eduardo de Assis Duarte).. [vol. 1, Precursores]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. 

Composições/Música
:: LP Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus, cantando suas canções. Conheça as canções acessandoAqui!

Contracapa do LP Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus, cantando suas composições


"Se tem pão, come e dá aos filhos. Se não tem, elas choram, e ela chora também. O pranto é breve, porque ela sabe que ninguém ouve, não adianta nada.”
- Audálio Dantas

TRADUÇÕES E EDIÇÕES ESTRANGEIRAS
Alemão
"Tagebuch der Armut...". Hamburg:
Chrstian Wegner Verlag, 1963.
Tagebuch der Armut. Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin. [Quarto de Despejo]. Tradução Johannes Gerold. Hamburg: Chrstian Wegner Verlag, 1963.
Das Haus aus Stein. Die Ziet nach dem Tagebuch der Armut. [Casa de Alvenaria]. Tradução Johannes Gerold. Hamburg: Chrintian Wegner Verlag: 1964.
Tagebuch der Armut: Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin2ª ed., Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Leipzig: Philipp Reclam, 1979.

Catalão
Els mals endreços: Diari d´una dona de les barraques. Tradução Francesc Vallverdú. Barcelona: Fontanella, 1963.

Dinamarquesa
Lossepladsen. [Quarto de despejo]. Copenhague: Fremad, 1961.

Espanhol
La Favela: Casa de Desahogo. [Quarto de Despejo] Prólogo de Mario Trejo. Havana: Casa de las Américas, 1965.
Quarto de Despejo. Diario de una mujer que tenía hambre. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1962.
Casa de Ladrillos. [Casa de Alvenaria] Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963.
Las Moradas. Libro de su Vida. Schoenhofs Foreign Books. 1991.

Francês
Le DépotoirTradução Violante Do Canto. Paris: Stock, 1962.
Ma Vraie Maison. Tradução Violante do Canto. Prefácio de Alberto Moravia. Paris: Stock, 1964.
Journal de Bitita. Tradução Régine Valbert. Paris: Editions A. M. Metailié, 1982.

Lossepladsen [Quarto de despejo].
 Copenhague: Fremad, 1961.
Holandesa
Barak nr 9- dagboek van een braziliaanse negerin[Quarto de despejo]. Arnhem: Van Loghum Slaterus, 1961.

Húngara
Aki átment a szivárvány alatt- Egy barakklakó naplója. [Quarto de despejo]. Budapeste: Kossuth, 1964 (Hungria)

Inglês
Child of the Dark. Tradução David St. Clair. Nova Iorque: Dutton, 1962.
Beyond the Pity. My life in the slums of São Paulo. Tradução David St. Clair. London: Panther, 1970.
Bitita´ Diary: The childhood memoirs of Carolina Maria de Jesus.Tradução Emanuelle Oliveira e Beth Jan Vinkler. Nova Iorque: Armonk/M. E. Sharpe, 1998.
I´m Going to Have a Little House: The second diary of Carolina Maria de JesusTradução Melvin S. Arrington Jr e Robert M. Levine. Lincoln: Universidade de Nebraska Press, c. 1997.
The Inedit Diaries of Carolina Maria de Jesus. Tradução Nancy P. S. Naro e Cristina Mehrtens. New Brunswick: Rutger University Press, c.1999.

Iraniano
Farzande tariki [a partir da edição de Child of the Dark]. Tradução Simin Dakht Tcheharegasha. Teerã: S. N., 1999.

Italiano
Quarto de despejo. (prefácio do escritor Alberto Moravia). Milão: Valentino Bompiani, 1962.

Quarto de despejo. Milão:
Valentino Bompiani, 1962.
Japonesa
Karorina no nikki. [Quarto de despejo]. Tóquio: Kawade, 1962.

Polonesa
Życie na Śmietniku. [Quarto de despejo]. Varsóvia: Czytelnik, 1963.

Romeno
São Paulo, Strada A, nr.9. [Quarto de despejo]. Bucareste: Editura Pentru Literatură Universală, 1962.

Tcheco
Smetiště: Deník ženy z favely. [Quarto de despejo]. Praga: Nakladatelství Politické Literatury, 1962.

Turca
Çöplük. [Quarto de despejo]. Istambul: Armoni, 2002.


"[...]em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos [...]"

- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada".


“Inteligentíssima", Carolina de Jesus “tinha essa mistura de raiva e ternura que leva à vã tentativa de cuspir o que bloqueia a garganta e ameaça matar por asfixia, se não for dito.”
- Otto Lara Rezende, em "Luzes no quarto de despejo", jornal O Globo, 15 de fevereiro de 1977.


"Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade."
- Carolina Maria de Jesus


DOCUMENTÁRIO
Capa da edição Quarto de Despejo (1960)
de Carolina Maria de Jesus
Filme: Favela: a vida na pobreza
Direção: Christa Gottman-Elter
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1971
Duração: 16 min.
Obs. restaurado e legendado 
* fonte: IMS


Filme: O despertar de um sonho
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1975
Direção: Gerson Tavares
Produção: TV alemã 
* Obs.: Inédito no Brasil


Filme: Carolina
Sinopse: Brasil. Final dos anos 50. Carolina de Jesus escreve seu diário. Dentro de seu barraco ela denuncia a fome, o preconceito e a miséria. Publicada, torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13 línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a “exótica” mulher negra e ex-favelada falece pobre. Passadas algumas décadas, as palavras de Carolina continuam a ser uma denúncia contra a miséria em que se encontram milhões de pessoas.
Gênero: Documentário - formato: 35 mm
País: Brasil
Ano: 2003
Duração: 14 min.
Direção e edição: Jeferson De
Roteiro: Jeferson De e Felipe Berlim
Direção de fotografia: Carlos Ebert, ABC
Elenco: Zezé Motta e Gabrielly de Abreu
Produção executiva: João Marcello Bôscoli, André Szajman e Cláudio Szjaman
Produzido por: Renata Moura
Consultora do projeto: Carla Esmeralda
Trilha sonora: Max de Castro
Direção de arte: Kelly Castilho
Figurino: Clarissa Steed
Som direto: Gabriela Cunha
Arte: Rita Figueiredo
Cartaz e logo arte: Elisa Cardoso
Coordenação: Núcleo de Moda e Imagem da Trama
Still: Jeyne Stakflett

"Ao transformar a experiência real da miséria na experiência lingüística do diário, [a autora] acaba por se distinguir de si mesma e por apresentar a escritura como uma forma de experimentação social nova." 
- Carlos Vogt, em " Trabalho, pobreza e trabalho intelectual"Carolina Maria de Jesus. In: SCHWARZ, Roberto (Org.). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.


Televisão
Especial: Quarto de Despejo - de catadora de papéis a escritora famosa
Série: Caso Verdade
Apresentação: Zé Capeta
Elenco: [...]
Exibição: 7/3 a 11/3/1983
Realização: Rede Globo de Televisão 

Capa do programa da peça Quarto de despejo, adaptação
 da obra de Carolina de Jesus, por Edy Lima
ADAPTAÇÃO
Teatro
Peça: Quarto de despejo
Adaptação do livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus.
Direção: Amir Haddad
Adaptação do texto: Edy Lima
Cenografia: Cyro Del Nero - (Prêmios Saci e Associação Paulista de Críticos Teatrais, APCT)
Elenco: Ruth de Souza Célia Biar
Produção: Companhia Nydia Licia
Local: Teatro Bela Vista, em São Paulo/SP
Estreia: 27 de abril de 1961.
___
** Fonte: KLEMZ, Laura; MENEZES, Julia; BEZERRA, Elvia. Quarto de despejo: a peça. Blog do IMS, 11 de março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé.
 
São Paulo, 1961 - foto: Acervo 
Acervo Ruth de Souza

Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé.
 
São Paulo, 1961 - foto: Acervo Ruth de Souza


"Quarto de Despejo

Nas folhas brancas que do lixo recolhia
Ela escrevia o drama de sua gente
Sua própria história de tristeza
E a pobreza de todo aquele ambiente
Deus satisfaz o seu desejo
Do teu “Quarto de despejo”
Viu seu dia de ventura
Hoje todo mundo fala nela
Não mora mais na favela 
Mora na literatura"
- B. Lobo - samba (gravado por Ruth Amaral).

"A eles eu falo: grande é a irmã que abriu a porta. Ela é um pouco de vocês todos, na revelação. É até um pouco-muito do Brasil, que muitos são os quartos de despejo, sul-norte-leste-oeste, beira de rio, beira de mar, morro e planalto.
Vejam o sol que entra agora no Quarto de despejo. Aqueçam-se, irmãos, que a porta está aberta. Carolina Maria de Jesus achou a chave. Aqueçam-se!"
- Audálio Dantas, no "prefácio" do livro "Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Carolina de Jesus.São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1960.


Carolina de Jesus, ao fundo a maloca do Canindé - foto: Acervo Audálio Dantas
FORTUNA CRÍTICA
[Estudos acadêmicos: livros, teses, dissertações, monografias, artigos, ensaios e afins]
AMARAL, Luiz Eduardo Franco do. Vozes da Favela: representações da favela em Carolina de Jesus, Paulo Lins e Luiz Paulo Corrêa e Castro. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC/RJ, 2003. 
ANDRADE, Leticia Pereira de. Carolina de Jesus e Clarice Lispector: discursos em diálogo. Raído (UFGD), v. 5, p. 73-84, 2011. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
ANDRADE, Leticia Pereira de. O diário como utopia: Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, 2008.
ANDRADE, Leticia Pereira de. Crítica literária versus Quarto de despejo. web Revista Diálogos & confrontos Revista em Humanidades, vol. 1,  jan./jun. 2012. Disponível no link. (acessado 2.5.2014).
ANDRADE, Leticia Pereira de. Utopia em Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. Revista Querubim (Online), v. 3, p. 94-104, 2007.
ANDRADE, Leticia Pereira de. Meu estranho diário: a memória do ressentimento. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).


ANDRADE, Leticia Pereira de. Isso é literatura?. Anais do III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014)
ANDRADE, Leticia Pereira de; MACIEL, Sheila Dias. Entre a memória e a utopia: Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. In: Rosiane Goçalves Braga e Sheila Dias Maciel. (Org.). Memória e utopia: experiências de linguagem. 1ª ed., Cuiabá MT: EdUFMT, 2011, v. , p. -.
ANDRADE, Leticia Pereira de; MACIEL, Sheila Dias; SANDRI, Silvana. O testemunho singular em Quarto de despejo, de Carolina de Jesus. In: Vânia Maria Lescano Guerra, Marlene Durigan; Edgar Cézar Nolasco. (Org.). Identidade e discurso: história, instituições e práticas. 1ª ed., Campo Grande: Editora UFMS, 2008, v., p. 191-204.
ARANHA, Simone da Silva. Sobre Carolina Maria de Jesus, o Quarto de Despejo e a Casa de Alvenaria.Cadernos do IFCH, Campinas, nº 31, IFCH, Unicamp, 2004.
ARRINGTON JR., Melvin S.From the garbage dump to the brick house: the diaries of Carolina Maria de  Jesus. In: South Eastern Americanist, 36(4), pp.1-12. The South Eastern Council of  Latin American Studies, 1993.
ARRINGTON JR., Melvin S.. Gnomic literature from the favela: The Provérbios of Carolina Maria de Jesus. In: Romance Notes, 34(1), pp.79-85. Chapel Hill: The University of  North Carolina at Chapel Hill, 1993.


ARRUDA, Aline Alves. Carolina Maria de Jesus: projeto literário e edição crítica de um romance inédito.(Doutorado em Letras: estudos literários). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2015.

ARRUDA, Aline Alves. As marcas sociais em "Pedaços da fome", romance de Carolina Maria de Jesus. In: Aline Alves Arruda; Ana Caroline Barreto Neves; Constância Lima Duarte; Kelen Benfenatti Paiva. (Org.). Mulheres em Letras: memória, transgressão, linguagem. 1ª ed., Belo Horizonte: Viva Voz, 2015, v. , p. 21-27.

ARRUDA, Aline Alves; SILVA, E. A. L.. Carolina Maria de Jesus. In: Eduardo de Assis Duarte. (Org.). Literatura afro brasileira: 100 autores do século XVIII ao XX. 1ª ed., Rio de Janeiro: Pallas, 2014, v. 1, p. 91-93.
AZEREDO, Mônica Horta. A representação de si e do outro nas falas de Carolina Maria de Jesus e Estamira. In: DALCASTAGNÈ, Regina; THOMAZ, Paulo C.. (Org.). Pelas Margens: representação na narrativa brasileira contemporânea. 1ª ed., Vinhedo: Horizonte, 2011, v. 1, p. 121-139.
AZEREDO, Mônica Horta. A representação do feminino heroico na literatura e no cinema: uma análise das obras Quarto de Despejo: diário de uma favelada (Carolina Maria de Jesus), Estamira e Estamira para Todos e para Ninguém (Marcos Prado), De Salto Alto e Tudo sobre Minha Mãe. (Tese Doutorado em Português e Literatura). Université Rennes 2;  Universidade de Brasília, UNB, 2012. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014)
AZEREDO, Mônica Horta. La representación de sí mismo y del otro en el discurso de Carolina de Jesus y Estamira. Comunicaciones en Humanidades, v. 1, p. 1-20, 2012.


AZERÊDO, Sandra. A favela escrita de Carolina Maria de Jesus. Mental v.6 n.11 Barbacena dez. 2008. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

BEZERRA, Elvia. Quarto de despejo: “flor incrível e pura”. Blog do IMS, 11 de março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
BINGEMER, Maria Clara Lucchetti. Carolina Maria de Jesus: Literatura e profecia na favela. Amaivos online. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).


BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. [Tradução Marta Kirst]. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. 
BUENO, Eva Paulino. Carolina Maria de Jesus no Kansas: uma história de amor. in: Espaço Acadêmico, n.46, Março de 2005.


BUENO, Eva Paulino. Carolina Maria de Jesus in the context of testimonios: race, sexuality, and exclusion. Criticism. Wayne State University, Spring, 1999.
Carolina de Jesus autógrando seu livro Quarto
de Despejo, São Paulo, em 1960.
 
CAMPOS, Paulo Mendes. Espécie de poema desentranhado do livro Casa de alvenaria, da ex-favelada Carolina Maria de Jesus. revista Manchete 1961.


CAROLINA Maria de Jesus, a escritora que o Brasil esqueceu. Livres Pensadores. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
CARPEAUX, Otto Maria. Romance e sociologia. Correio da Manhã, 18 de julho de 1964.


CASTRO-KLARÉN, S.; MOLLOY, S. & SARLO, B.. Women’s writing in Latin America: an anthology. Boulder, San Francisco, Oxford: Westview Press, 1991.
CHIARA, Ana Cristina de Rezende. Memórias Extremas: Graciliano Ramos e Carolina de Jesus. In: Fatima Cristina Dias Rocha. (Org.). Literatura Brasileira em Foco. 1ª ed., Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003, v. 1, p. 21-32.
CORONEL, Luciana Paiva. A cidade vista pela literatura de periferia de Carolina de Jesus e Ferréz.  Revista Latino-Americana de História, Edição Especial, Vol. 2, nº. 7 – Setembro de 2013. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
CORONEL, Luciana Paiva. Da margem para o centro: a representação do negro em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. In: X Encontro Estadual de História - Anpuh/RS, 2010, Santa Maria. O Brasil no Sul: cruzando fronteiras entre o regional e o nacional / X Encontro Estadual de História de 26 a 30 de julho de 2010, 2010.
CORONEL, Luciana Paiva. História Cultural: Cidade, memória, identidade.  Porto Alegre. Revista Latino-Americana de História - Edição especial. São Leopoldo: Publicação on-line, 2013. v. 2. p. 569-581.
CORONEL, Luciana Paiva. Literatura de periferia e mercado: reflexões acerca do caso Carolina Maria de Jesus. Ipotesi (Juiz de Fora. Online), v. 15, p. 63-71, 2011.
CORONEL, Luciana Paiva. O teor testemunhal da literatura de Carolina de Jesus, Paulo Lins e Ferréz. In: XIII Congresso Internacional da ABRALIC, 2013, Campina Grande. Anais do XIII Congresso Internacional da ABRALIC, 2013.
CORONEL, Luciana Paiva. Representações das condições de vida dos negros nos cronistas do período da abolição e nos diários de Carolina Maria de Jesus. Literatura e Autoritarismo (UFSM), v. 21, p. 84-98, 2013.
CORONEL, Luciana Paiva. Rompendo o silêncio: a voz da mulher em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. In: XXVII Seminário Brasileiro de Crítica Literária e XXVI Seminário de crítica do Rio Grande do Sul, 2010, Porto Alegre. Anais do XXVII Seminário Brasileiro de Crítica Literária e XXVI Seminário de crítica do Rio Grande do Sul, 2010. v. 1. p. 421-432.
COSTA, Renata Jesus da. O feminino negro na obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus (prelo). In: Viviane Lima de Moraes; Amilcar Pereira Araujo e Maria Aparecida de Oliveira Lopes. (Org.). Nada de novo, tudo outra vez História do negro no Brasil. Santa Catarina: Premier, 2011, v. 1, p. -.
COSTA, Renata Jesus da. O universo feminino de Carolina de Jesus. In: Anais do XXV Simpósio Nacional de História. Fortaleza, 2009. p. 1-9. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
COSTA, Renata Jesus da. Personagens femininas negras nas obras de Carolina Maria de Jesus, Maria Conceição Evaristo Brito e Paulina Chiziane. In: Valter Roberto Silério; Regina Pahim Pinto e Fúlia Rosemberg. (Org.). Relações raciais no Brasil: pesquisas contemporâneas. São Paulo: Contexto, 2011, v. 1, p. -.
COSTA, Renata Jesus da. Subjetividades femininas: mulheres negras sob o olhar de Carolina Maria de Jesus, Maria Conceição Evaristo e Paulina Chiziane. (Dissertação Mestrado em História). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, 2008, 152p.
São Paulo, Strada A, nr.9, edição romena de
Quarto de despejo, de Carolina de Jesus
COSTA, Renata Jesus da. Subjetividades femininas: mulheres negras sob o olhar de Carolina Maria de Jesus, Maria Conceição Evaristo Brito e Paulina Chiziane. In: XXIV Simpósio Nacional de História/ História e Multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos, 2007, São Leopoldo/ RS. História e Multidisciplinariedade: territórios e deslocamentos. São Leopoldo/ RS: Oikos, 2007.


DANTAS, Audálio. O drama da favela escrito por uma favelada: Carolina Maria de Jesus faz um retrato sem retoque do mundo sórdido em que vive. Folha da Noite. São Paulo, ano XXXVII, n. 10.885, 9 mai. 1958.

DANTAS, Audálio. Retrato da favela no diário de Carolina. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, n. 36, p. 92-98, 20 jun. 1959. 

DANTAS, Audálio. Da favela para o mundo das letras. O Cruzeiro, São Paulo, n. 48, p. 148-152, 10 set. 1960.
DANTAS, Audálio. Nossa Irmã Carolina. [Apresentação à primeira edição]. In: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. Diário de uma Favelada.São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1960, p. 5-12.


DANTAS, Audálio. Casa de Alvenaria: história de uma ascensão social. In: JESUS, Carolina Maria de. Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1961, p. 5-10. 

DANTAS, Audálio. A atualidade do mundo de Carolina. In: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 1993, p.3-5.
DANTAS, Audálio. Mistificação da crítica: uma resposta à acusação de fraude literária. Imprensa. Jan. 1994, p. 41-43. 
DANTAS, Audálio. Tempo de reportagem — histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro. Leya Brasil, 2012, 287p.
DALCASTAGNÉ, Regina; MATA, Anderson Nunes da. (org.). Fora do retrato: estudos de literatura brasileira contemporânea. Vinhedo: Horizonte, 2012.


ÊXITO amplo de Quarto de despejo. Folha da Manhã, 22 ago. 1960.

FELINTO, Marilene. Clichês nascidos na favela. Caderno Mais!, p. 11, Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 set.1996.
FERNANDEZ, Raffaella Andrea. Carolina Maria de Jesus, uma poética de resíduos. (Dissertação Mestrado em Letras Estudos Literários Assis). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2006.
FERNANDEZ, Raffaella Andrea. Cartografando uma literatura menor: a poética de resíduos de Carolina Maria de Jesus. Baleia na Rede (UNESP. Marília), v. 2, p. 1, 2006.
FERNANDEZ, Raffaella Andrea. Entre-lugares na poética de Carolina Maria de Jesus (2010- Unesp de São José do Rio Preto). Revista Olho d'água, v. 2, p. 131-139, 2011. Disponível no link. (acessado em 4.5.2014).
FERNANDEZ, Raffaella Andrea. Múltiplas vozes na poética de resíduos de Carolina Maria de Jesus. Rascunhos Culturais, v. 1, p. 55-71, 2010.
FERNANDEZ, Raffaella Andrea. Percursos de uma poética de resíduos na obra de Carolina Maria de Jesus. Itinerários (UNESP), v. 1, p. 125-146, 2008.
FERNANDEZ, Raffaella Andrea; TOLENTINO, Célia Aparecida Ferreira. Carolina e Esmeralda: um doloroso caminho em comum. Revista de Iniciação Científica da F.F.C., Unesp de Marília, v. 4, n.0, p. 52-61, 2002.


FERREIRA, Hernani. O livro de Carolina. Leitura. Rio de Janeiro, ano 19, n. 47, p. 41, maio 1961. 

FLORES, Elio Chaves. Palavras afiadas: memórias e representações africanistas na escrita de Carolina Maria de Jesus. CLIO. Série História do Nordeste (UFPE), v. 28.1, p. 1-27, 2010. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

FORTUNA, Felipe. Carolina só. Jornal do Brasil, 10 novo 1986. 

GAMA, Rinaldo. Despejados do mundo: a nova edição de 'Quarto de despejo' recoloca em cena a trajetória de Carolina de Jesus e seus filhos. Veja, 19 mai.1993, p. 96-97.

GUIMARÃES, Fernando. Carolina. A miséria revivida. jornal do Brasil, 6 jul. 1966.

KACZOROWSKI, Jacqueline. Prazer em (re)conhecer: sou Carolina! [Centenário da escritora Carolina Maria de Jesus suscita comemorações e questionamentos]. Revista Língua, abril 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
LAJOLO, Marisa. A leitora no quarto dos fundos. In: Leitura. Teoria & Prática, Vol. 25, pp.10-18, Porto Alegre, 1995.
LAJOLO, Marisa. Poesia no quarto de despejo ou um ramo de rosas para Carolina. In: Meihy. José Carlos Sebe Bom (Org.) Antologia pessoal. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1996, p. 1-14.


LAJOLO, Marisa. Carolina Maria de Jesus. In DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 1, Precursores. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. 

LAPOUGE, Maryvonne; PISA, Clélia. Brasileiras: voix, écrits du Brésil. Paris: Des femmes, 1977, p. 165-179. 
LEVINE, Robert M..The Cautionary Tale Of Carolina Maria De Jesus. Latin American Research Review. Volume 29, Number 1, 1962 Pages 55-84. Disponível no link.  e link. (acessado em 2.5.2014).


LEVINE, Robert M. Um olhar norte-americano. In: MEIHY, José Carlos S. B; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994b, p. 199-209. 

LEVINE, Robert M.; MEIHY, José Carlos S. B. The life and death of Carolina Maria de Jesus. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1995. 
LIEBIG, Sueli Meira. Redescobrindo Carolina Maria de Jesus, cidadã do mundo. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
LIEBIG, Sueli Meira. Uma mulher dionisíaca. In: Revista Le Monde Diplomatique – Brasil, ano 3, n. 32. São Paulo: Março de 2009.


LEJEUNE, Philippe. Autobiographies de ceux qui n'écrivent pas. In: _____. Je est un autre: l'autobiographie, de la littérature aux médias. Paris: Seuil, 1980. p.229-316.

LIMA, Susana Moreira de. O espaço social da voz: preconceito e literatura. In: DALCASTAGNÈ, Regina; THOMAZ, Paulo C. (orgs.). Pelas margens: representação da narrativa brasileira contemporânea. Vinhedo: Horizonte, 2011.

LUCENA, Bruna Paiva de. Novas dicções no campo literário brasileiro: Patativa do Assaré e Carolina Maria de Jesus. In: DALCASTAGNÈ, Regina; THOMAZ, Paulo C. (orgs.). Pelas margens: representação da narrativa brasileira contemporânea. Vinhedo: Horizonte, 2011.
LOBO, Luíza. Crítica sem juízo: Ensaios. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1993.
MACHADO, Marília Novaes da Mata. Os escritos de Carolina Maria de Jesus: determinações e imaginário. Revista Psicologia Social. Vol 18, nº 2, Porto Alegre, p. 105-110, mai-ago/2006. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
MACHADO, Marília Novais da Mata; CASTRO, Eliana de Moura. Muito bem, Carolina! Biografia de Carolina Maria de Jesus. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 2007. 136p.
MACHADO, Augusto de Freitas. Carolina de Jesus: a voz dos que não têm a palavra. Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
MAGNABOSCO, Maria Madalena. As vozes marginais de Rigoberta Menchù e Carolina Maria de Jesus. Revista Destaque, 1999.


MAGNABOSCO, Maria Madalena. As subjetividades (de) formadoras e (trans)formadoras de Carolina Maria de Jesus. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
Karorina no nikki[Quarto de despejo].
Tóquio: Kawade, 1962.
MAGNABOSCO, Maria Madalena. Reconstruindo imaginários femininos através dos testemunhos de Carolina Maria de Jesus.  (Tese Doutorado em Letras: Estudos Literários). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, 2002.
MANFRINI, Bianca Ribeiro. A literatura em pedaços. In: A Mulher e a Cidade: Imagens da modernidade brasileira em quatro escritoras paulistas. (Dissertação Mestrado em Literatura Brasileira). Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2008.


MARINHO, Jorge Miguel. Escrever para lembrar. Revista Plataforma do Letramento, 28 de abril de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

MATTA, Roberto da. Carolina, Carolina, Carolina de Jesus... Jornal da Tarde. São Paulo, Variedades, p. 2C, 11 novo 1996.  


MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Os Fios dos Desafios: O Retrato de Carolina Maria de Jesus no tempo presente. In: SILVIA, Vagner Gonçalves da (Org.) Artes do corpo. Memória afro-brasileira. São Paulo: Selo Negro Edições 2004.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert. Cinderela Negra: A Saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1994.
MEIHY. José Carlos Sebe Bom. Carolina Maria de Jesus: Emblema do Silêncio. Revista USP. São Paulo, v. 37, p. 82-91, 1998.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Conto das ruas - Semialfabetizada, Carolina Maria de Jesus vendeu mais de um milhão de livros só no exterior. Revista de História, 5 de maio de 2010. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
MENEQUINI, Marcela Lopes. Marginal ou anormal? Contribuição da literatura de Antônio Fraga, Carolina de Jesus e Maura Cançado para outro entendimento da marginalidade. (Dissertação Mestrado em Ciências Sociais). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, 2013.


MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. A experiência literária marginal em três atos: o 'maldito' dos anos 70, o 'periférico' contemporâneo e a outsider Carolina Maria de Jesus. Estação Literária, v. 12, p. 332-342, 2014.

MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. Os Caminhos Literários de Carolina Maria de Jesus: Experiência e Construção Estética. (Dissertação Mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa). Universidade de São Paulo, USP, 2013.

MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. O campo literário afro-brasileiro e a recepção de Carolina Maria de Jesus. Revista Estação Literária, v. 8, n. A, p. 15-33, 2011. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. Carolina Maria de Jesus e a literatura periférica contemporâneaDarandina Revisteletrônica, v. 3, p. 1-12, 2011. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

MORAVIA, Alberto. Prefácio. In: In: Jesus, Carolina Maria de. Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

MOTT, Maria Lúcia de Barros. Escritoras Negras resgatando a nossa história. [Papéis Avulsos 13]. Rio de Janeiro: CIEC – Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos/UFRJ, 1989. p. 8-9. 
NASCIMENTO, Érica Peçanha do. Vozes marginais na literatura. RJ: Aeroplano, 2009.


NEVES, Herculano. Eu te arrespondo Carolina. São Paulo: [s.n.], 1961.
NORONHA, Jovita Maria Gerheim. Le Dépotoir de Maria Carolina de Jesus. La Faute à Rousseau, França, v. 38, p. 59-60, 2005.


OLIVEIRA, Eduardo (Org.). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo: Congresso Nacional Afro – Brasileiro; Brasília: Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, 1998. p. 60. 

PAIXÃO, Fernando. Do mal-estar das pobrezas. Ide (São Paulo) v.31 n.146 São Paulo jun. 2008. Disponível nolink. (acessado em 4.5.2014).
PALMEIRA, Francineide Santos. Autobiografia e memória em Carolina de Jesus e Conceição Evaristo. In: Verbena Maria Rocha Cordeiro; Elizeu Clementino de Souza. (Org.). Memoriais, literatura e práticas culturais de leitura. Salvador: EDUFBA, 2010, v. , p. -.
PALMEIRA, Francineide Santos. Escritoras afro-brasileiras: Maria Firmina dos Reis, carolina de Jesus e Conceição Evaristo.. In: XI SEMANA DE MOBILIZAÇÃO CIENTìFICA-SEMOC, 2008, Salvador. Anais da XI Semana de mobilização científica. Salvador: UCSAL, 2008. v. XI.
PALMEIRA, Francineide Santos. Narrativas afro-brasileiras: Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, Diário de Bitita, de Maria Carolina de Jesus, e Becos da Memória, de Conceição Evaristo. A Cor das Letras (UEFS), v. 10, p. 111-122, 2009.
PALMEIRA, Francineide Santos. Vozes Femininas Negras: Maria Firmina dos Reis, Carolina de Jesus e Conceição Evaristo. In: I Congresso Baiano de Pesquisador@as Negr@s, 2007, Salvador. Anais do I congresso baiano de pesquisadores negros. Salvado: APNB, 2007. v. I.
PALMEIRA, Francineide Santos. Vozes Femininas nos Cadernos Negros: representações de Insurgência. (Dissertação Mestrado em Letras e Lingüística). Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2010.
PEDREIRA, Jailma dos Santos Pedreira.  O diário de Carolina e as políticas culturais subjetivas. In: Seminário de Estudos sobre o espaço biográfico: desafios da bioficção. Salvador: EDUFBA, 2013. v. 1. p. 147-148.
PEDREIRA, Jailma dos Santos Pedreira. Carolina de Jesus e Virginia Woolf: em busca de um outro teto para todos nós. In: XII Congresso Internacional ABRALIC - Centro, centros: ética e estética, 2011, Curitiba-PR. Anais do XII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada. Curitiba: ABRALIC, 2011.


PENTEADO, Regina. Carolina: vítima ou louca? Folha de S. Paulo, São Paulo, p. 31, 10 dez. 1976. 
PERPÉTUA, Elzira Divina. A voz de Carolina de Jesus no quarto de despejo e na alvenaria. In: Marta Helena de Freitas; Ondina Pena Pereira. (Org.). As vozes do silenciado. Brasília: Universa - UCB, 2007, v. , p. 65-92.
PERPÉTUA, Elzira Divina. Aquém do Quarto de Despejo: a palavra de Carolina nos manuscritos de seu diário.Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, v. 22, p. 63-83, 2003.
PERPÉTUA, Elzira Divina. Às margens da tradução: a obra de Carolina de Jesus. In: IX Encontro Nacional da ANPOLL, 1994, Caxambu-MG. Anais do IX Encontro Nacional da ANPOLL. João Pessoa: ANPOLL, 1995. v. 2. p. 1549-1554.
PERPÉTUA, Elzira Divina. O Diário como Gênero Literário: o Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.Lácio Revista de Letras, Belo Horizonte, v. 1, p. 7-19, 1999.
PERPÉTUA, Elzira Divina. O Território Marginal da Escrita: O Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.In: 4º Congresso ABRALIC. Literatura e Diferença, 1994, São Paulo. Anais do 4º Congresso ABRALIC. Literatura e Diferença, 1994. v. 1. p. 275-277.
PERPÉTUA, Elzira Divina. Produção e recepção de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus: relações publicitárias, contextuais e editoriais. Em Tese (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 5, p. 33-42, 2002. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014)
PERPÉTUA, Elzira Divina. Solos e litorais da escrita: uma leitura de memórias (de) marginais. (Dissertação Mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, 1993.
Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
Buenos Aires: Abraxas, 1962.
PERPÉTUA, Elzira Divina. Traços de Carolina Maria de Jesus: gênese, tradução e recepção de Quarto de Despejo.  (Tese Doutorado em Literatura Comparada). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, 2000.


PERPÉTUA, Elzira Divina. A experiência estética e mídia impressa: o caso de Carolina de Jesus. Anais do SILEL. Vol. 3, nº 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. Disponível no link. (acessado em 4.5.2014)
PERPÉTUA, Elzira Divina. A vida escrita de Carolina Maria de Jesus. Belo Horizonte: Nandyala Editora, 2014.
PESSANHA, Márcia Maria de Jesus. A litania poética e a invenção do cotidiano em quarto de despejo de Carolina de Jesus. In: Marcia Maria de Jesus Pessanha. (Org.). Revista 2010 do Cenáculo Flçuminense de História e Letras. 1ª ed., Niterói: Nitpress, 2010, v. 9, p. 103-108.
PESSANHA, Márcia Maria de Jesus. O Cotidiano e seu Tecido Histórico na Literatura Testemunho - Enfoque nas Obras: Quarto de Despejo de Carolina de Jesus, Léonora L´Historè Enfouie de la Guadeloupe de Dany Bébel Gisler. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal Fluminense, UFF, 2002.
PESSANHA, Márcia Maria de Jesus. Palavras a Carolina de Jesus. In: PESSANHA, Márcia Maria. (Org.). Cernáculo Fluminense de História e Letras. Niterói: Nitpress, 2009, v., p. -.


PISA, Clélia. Présentarion. In: JESUS, Carolina Maria de. Journal de Bitita. [tradução Régine Valbert]. Paris: A.M. Métailie, 1982, p. 7-16.
PLATT, Kamala. Race and gender representations in Clarice Lispector’s ‘A menor mulher do mundo’ and Carolina Maria de Jesus’ ‘Quarto de Despejo’. Afro-Hispanic Review,  11(1-3), pp. 51-57. , 1992.


QUARTO de despejo: recorde. Folha da Manhã, 20 ago. 1960.

QUERIDO, Alessandra Matias. Autobiografia e autorretrato: cores e dores de Carolina Maria de Jesus e de Frida Kahlo. Revista Estudos Feministas vol.20, nº 3, Florianópolis Set./Dez. 2012. Disponível no link. (acessado em 4.5.2014)

RAMOS, Tiago R.. Carolina Maria de Jesus: da marginal ao negro drama. UEPG Ci. Hum., Ling., Letras e Artes, Ponta Grossa/PR, 21 (2): 135-142, jul./dez. 2013. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

RANGEL, Carlos. Após a glória, solidão e felicidade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 de junho de 1975.

REZENDE, Otto Lara. Luzes no quarto de despejo. Jornal O Globo, 15 de fevereiro de 1977.

RIBEIRO, Hamilton. Diário da favelada: 'o Brasil precisa ser dirigido por alguém que já passou fome'. Folha da Tarde, São Paulo, 6 maio 1969; p. 15. 
RODRIGUES, Aline Paula de Melo. Hibridismo em Quarto de despejo:o entrelaçamento entre história e ficção no diário de Carolina de Jesus. (Especialização em Estudos Literários). Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2007.
ROSA, Allan da. Carolina de Jesus, Maria Tereza. Revista Fórum, 12 março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).


SANTANA, Alessandro Abdala. Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus: vozes femininas da literatura brasileira. Revista Destaque IN, nº 74. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

SANTOS, Joel Rufino dos. Carolina Maria de Jesus: uma escritora improvável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

SANTOS, Lara Gabriella Alves dos; BORGES, Valdeci Rezende. Quarto de despejo: o espaço na obra de Carolina de Jesus. Anais do SILEL. Volume 3, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
SCHERDIEN, Graciela Gonçalves; MUNHOZ, Juliana Néri. Carolina de Jesus e a vivência de uma mulher na década de cinqüenta. Baleia na Rede, Vol. 1, nº 3, 2006. Disponível no link(acessado em 2.5.2014).
SERRAGLIO, Elizabeth Reichert. Pobreza, raça, gênero e protesto na literatura afro-americana e afro-brasileira: Ann Petry e Carolina de Jesus. (Dissertação Mestrado em Estudos Americanos). Universidade de Coimbra, UC, Portugal, 2012.
SILVA, Carlos Fernando Ribeiro da. Contradições em Carolina Maria de Jesus. (Monografia Graduação em Literatura Brasileira). Universidade de Brasília, UnB, Brasília, 2013. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).


SILVA, José Carlos Gomes da. História de vida, produção literária e trajetórias urbanas da escritora negra Carolina Maria de Jesus.Texto do estágio de pós-doutoramento na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2006-2007). Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).

SILVA, Gislene Maria Barral Lima Felipe da. Olhando sobre o muro: representações de loucos na literatura brasileira contemporânea. (Tese Doutorado em Literatura e Práticas Sociais). Instituto de Letras, Universidade de Brasília, UnB, DF, 2008. 
SILVAJosé Carlos Gomes da. Carolina Maria de Jesus e os discursos da negritude: literatura afro-brasileira, jornais negros e vozes marginalizadas. Revista História & Perspectiva, v. 1, n. 39, p. 59-88, 2008. 


SILVA, Mário Augusto Medeiros. O povo e a cena histórica: Quarto de despejo e a integração do negro na sociedade de classes (1960-1964). Cadernos Cedec nº 97, julho de 2011. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

SILVA, Meyre Ivone Santana da. Reinventando Identidades: Raca, Genero e Nacao na Literatura de Ama Ata Aidoo. (Dissertação Mestrado em Historia Social). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, 2008.

SILVESTRE, Nathércia. Carolina de Jesus: a beleza de ser "diferente". Baleia na Rede -Revista on-line fazer Grupo de Pesquisa e Estudos em Cinema e Literatura. Vol. 1, nº 3 2006.Disponível no link. (acessado em 4.5.2014).

SIMÕES, Rosana. Quarto de despejo, quarto de desejos. Revista de Literatura (Vestibular UFMG. BITARÃES Neto, Adriano (Org.), v. 2, p. 111-126, ago. 2000. 

SOUSA, Germana Henriques Pereira de. Carolina Maria de Jesus: o estranho diário da escritora vira-lata.(Tese Doutorado em Literatura). Universidade de Brasília, UNB, 2004.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. Carolina Maria de Jesus: o estranho diário da escritora vira lata. 1ª ed., Vinhedo: Editora Horizonte, 2012. v. 1. 208p.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. De Bitita a Carolina: o destino e a surpresa. Quadrant (Montpellier), v. 24, p. 299-313, 2007.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. De Bitita a Carolina; O Destino e a Surpresa. Quadrant (Montpellier), v. 24. p. 299-313, 2007.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. L'étrange journal de Carolina Maria de Jesus. In: Brenot, Anne-Marie. (Org.). Mémoires d´Amérique latine. Correspondances, journaux intimes et récits de vie (XVII-XXiéme siécles).. 1ª ed., Madrid / Frankfurt: Iberoamericana / Vervuert, 2009, v. 1, p. -.
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo
Jornal Ultima Hora  1952.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. Memória, autobiografia e diário íntimo. Carolina Maria de Jesus: escrita íntima e narrativa da vida. In: Hermenegildo Bastos; Adriana de F. B. Araújo. (Org.). Teoria e prática da crítica literária dialética. 1ª ed., Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011, v. 1, p. 86-108.
SOUSA, Germana Henriques Pereira de. Traduction française de l'univers composite de Carolina Maria de Jesus. In: HUGHES, Sylvaine. (org.). Commerces et traduction. 1ª ed., Paris: presses Universitaires de Paris ouest, 2013, v. 1, p. 95-109.
SOUZA, Edilene Silva Bahia de. Autobiografia e ficcção em Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada - Carolina Maria de Jesus. (Especialização em Especialização Estudos Linguísticos e Literários). Faculdade Santíssimo Sacramento, FSS/BA, 2010.


ST CLAIR, David. Translator's preface. In: JESUS, Carolina Maria de. Child of the dark: the diary of Carolina Maria de Jesus. New York: E. P. Dutton, 1962, p.7-15.

SUSSEKIND, Flora. Literatura e vida literária: polêmicas, diários & retratos. (Coleção Brasil: Os Anos de Autoritarismo). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. 

TILLIS, Antonio D. (editor). Routledge studies on African an black diaspora - Critical perspectives on afro-latin american literature. Routledge, 2012. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
TOLEDO, Cristiane Vieira Soares. Carolina Maria de Jesus: a escrita de si. Lêtronica, vol.3, n.1, p. 247-257; Porto Alegre, julho de 2010.
TOLEDO, Cristiane Vieira Soares. O estudo da escrita de si nos diários de Carolina Maria de Jesus: a célebre desconhecida da literatura brasileira. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, 2011. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
VIANA, Maria José Motta. Do sótão à vitrine: memórias de mulheres. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1995.
VOGT, Carlos. Trabalho, pobreza e trabalho intelectual. Carolina Maria de Jesus. In: SCHWARZ, Roberto (Org.). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 204-213.


XAVIER, Elódia. Quarto de despejo: discurso de uma subalterna. Água Viva. Revista de alunos de pós-graduação de Tel/UnB, Brasília, 1, jul./dez. 2002.


Carolina Maria de Jesus e Audálio Dantas na Favela do Canindé.
São Paulo, 1961 - foto: Acervo 
Acervo Ruth de Souza


"Ser negra num mundo dominado por brancos, ser mulher num espaço regido por homens, não conseguir fixar-se como pessoa de posses num território em que administrar o dinheiro é mais difícil do que ganhá-lo, publicar livros num ambiente intelectual de modelo refinado, tudo isto reunido fez da experiência de Carolina um turbilhão"
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 63.


Da esquerda para a direita: Carolina Maria de Jesus, Audálio Dantas e Ruth de
Souza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961 
- foto: Acervo Ruth de Souza

"[...] a trajetória de Carolina implica a visão de um lado pouco mostrado da cultura brasileira: a luta quotidiana de uma mulher ‘de cor’, pobre e desprovida de favores do Estado, de organismos sociais, de instituições e até de amigos. Logicamente, isto não remete apenas a ela enquanto indivíduo, mas também a todo o sistema que abriga os despossuídos legados ao anonimato. [...] Rebelava-se sozinha e por isso jamais chegou a ser revolucionária ou heroína permanente. Sequer foi musa de causas coletivas. Houve um momento em que, ainda que de maneiras contraditórias e estranhas, ela cabia em todas as frentes e, ao mesmo tempo, não servia por longo período a nenhuma. Por isso é provável que tenha sido deixada por todos."
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 19.



Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus - foto: (...)

"Ela escrevia, de fato, um diário em seu barraco, atulhado do lixo que não pudera vender no mesmo dia. Quarto de despejo - Diário de uma favelada vendeu cerca de 100 mil cópias em um ano; 10 mil em três dias, equiparando-se a Jorge Amado e Paulo Coelho. Foi talvez o mais traduzido dos livros brasileiros [...] Grafomaníaca, deixou perto de 140 cadernos, folhas avulsas, pedaços de jornal e papelão anotados que os filhos guardam com orgulho até hoje.

- Joel Rufino dos Santos, em "Os papéis de Carolina Maria". Almanaque Brasil (Curiosidades da literatura).

*


Carolina Maria de Jesus, por Mário?
(Tribuna de Minas)
Citações, provérbios e aforismos 

"Ah! São Paulo rainha que ostenta vaidosa a tua coroa de ouro que são os arranha-céus. Que veste viludo e seda e calça meias de algodão que é a favela."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960.
  


"Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 37.



"Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. [...] Toquei o carinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é amarga".”
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 53.




"Mas eu já observei os nossos políticos. Para observá-los fui na assembleia. A surcusal do purgatório, porque a matriz é a sede do Serviço Social, no palácio do Governo. Foi lá que eu vi o ranger de dentes. Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas dos pobres como os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as tragédias que os políticos representam em relação ao povo."

- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 54.




"[...] Deixei o leito para escrever vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. [...] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela. / Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama./ As horas que sou feliz é quando estou residindo nos castelos imaginários."

- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 59–60. 


"O homem que cultiva o ódio racial é um imbecil"
- Carolina Maria de Jesus, em "Provérbios". São Paulo: Editor Áquila, 1963.


“Quem inventou a fome sao os que comem.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011


"... Quando estou com pouco dinheiro procuro não pensar nos filhos que vão pedir pão, pão, café. Desvio meu pensamento para o céu. Penso: será que lá em cima tem habitantes? Será que eles são melhores que nós? Será que o predomínio de lá suplanta o nosso? Será que as nações de lá é variada igual aqui na terra? Ou é uma nação única? Será que lá existe favela? E se lá existe favela será que quando eu morrer eu vou morar na favela?"
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960


“Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.”
- Carolina Maria de Jesus
“O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.”
- Carolina Maria de Jesus

“Eu sou negra, a fome é amarela e doi muito”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011

 “Triste glória que não me deixa ter vontade própria. Quero ser eu. Fizeram-me desviar de tudo que pretendia quando morava na favela e ansiava de deixar o barraco. O que sou agora? Um boneco explorado e me recuso a isso."


- Carolina Maria de Jesus, em "depoimento a Ignácio Loyola", em 1961.


"- Eles falava que eu sendo poetisa era para estar entre os fidalgos. Que os poetas são pessoas finas que andam com as unhas esmaltadas e luvas. Sorri. Pórque eles não conhecem os poetas. - O poeta é um infeliz conhece so agruras do roteiro neste hemisfério."

- Carolina Maria de Jesus


“As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinqêdos periletos. E as crianças pobres, acompanham as maes a pedrirem esmolas pelas ruas. Que desiguladades tragicas e que brincadera do destino.”


"Quem escreve pode passar fome de comida mas tem o pao da sabedoria e pode gritar com suas palavras sabias."


- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011



“Quem nao tem amigo mas tem um livro tem uma estrada.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 

“A amizade do analffabeto é sincera. E o ódio também.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011




CASA DE CAROLINA MARIA DE JESUS


Casa de Carolina Maria de Jesus. Um Barraco feito de tábuas, coberto com lata, papelão e tábuas, na então Favela do Canindé, rua A, barraco número 9 - São Paulo/SP, em 1952.





Casa de Carolina Maria de Jesus, no Canindé
foto: Arquivo Jornal Ultima Hora (27.05.1952)


"É apanhadora de papel, passa fome com os filhos pequenos, mora num barracão infecto, mas sabe “ver” além da lama do terreiro e do zinco da favela – A miséria desperta o espírito – Cadernos cheios de “poesias”, “contos” e “romances” – Peregrinação (inútil) pelas editoras – A narrativa da vida na favela, num impressionante “diário” – Repórteres das FOLHAS editarão Carolina."


- Audálio Dantas, "O drama da favela escrito por uma favelada: Carolina Maria de Jesus faz  um retrato sem retoque do mundo sórdido em que vive." Folha da Noite. São Paulo, ano XXXVII, n.10.885, 9 maio 1958.


"O livro se constitui em depoimento cruciante sobre as condições de vida de favelados que vivem à margem da grande cidade. [...] É também um livro de advertência, um livro de reivindicações, estas não bem formuladas, mas tocantemente implícitas no diário"
- Folha da Manhã. "Êxito amplo de Quarto de despejo". 22 ago. 1960.


Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte I]

Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte II]


O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 5. [parte I].

O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 6. [parte II].

ACERVO DE CAROLINA MARIA DE JESUS (IMS)
O Instituto Moreira Salles (IMS) é o guardião de pequena parte do arquivo da escritora Carolina Maria de Jesus: dois cadernos manuscritos, cujo conteúdo está parcialmente publicado. A um dos cadernos a escritora intitulou Um Brasil para os brasileiros: contos e poemas. O outro é coletânea do mesmo gênero, sem título.


E um raro LP de Carolina Maria de Jesus, pelo selo da RCA 1961, pertence ao Acervo José Ramos Tinhorão, sob a guarda do IMS, pode ser ouvido integralmente na rádio Batuta
___
** Fonte: IMS


Manuscrito Carolina Maria de Jesus
Transcrição do manuscrito
15 de julho 1955
15 de julho aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.


Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Êle ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar e sis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.

Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Êle estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho [...] 
- Carolina Maria de Jesus em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada". 



BIBLIOTECA "CAROLINA MARIA DE JESUS" DO MUSEU AFRO BRASIL
Biblioteca Carolina Maria de Jesus do Museu Afro
Brasil - foto: Museu Afro Brasil/divulgação


Carolina Maria de Jesus, é patrona da biblioteca do Museu Afro Brasil, que abriga seus manuscritos, parte já digitalizados.

A biblioteca

A biblioteca possui cerca de 10.000 itens, incluindo livros, revistas e outros tipos de periódicos, teses, posters e material multimídia, com uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Recebe anualmente aproximadamente 1.200 visitantes.

Estão disponíveis 20 títulos de obras raras digitalizadas no Catálogo online da Biblioteca "Carolina Maria de Jesus".

Serviço

Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral - Parque Ibirapuera, portão 10 - São Paulo/SP
Horário de funcionamento: é de terça a domingo das 10h às 17hs, com permanência até às 18h. Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs.
Tel.: 55 11 3320 8900 
Site oficial: Museu Afro Brasil



“As flores também são de cores variadas. E entre elas não existe o preconceito. É que o homem raciocina, e as flores não. Mas o raciocínio do homem é tolice.”
- Carolina Maria de Jesus

AGENDA DE EVENTOS COMEMORATIVOS AO CENTENÁRIO 
DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Uma iniciativa da editora Ciclo Contínuo, a fan page Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus reúne informações sobre os eventos comemorativos que vêm sendo realizados em homenagem à autora nos mais diversos pontos do país.
Responsável: Marciano Ventura
Saiba mais: Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus


REDE SOCIAIS
Duas fan page dedicado à escritora Carolina Maria de Jesus
:: Fan page Carolina Maria de Jesus (A mulher na literatura - UFSC)


"A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 160. 

Carolina Maria de Jesus - foto:
Arquivo Jornal Ultima Hora
 
REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
:: GELEDÉS Instituto da Mulher Negra - [Hoje na História, 14 de Março de 1914, nascia Carolina Maria de Jesus].
:: Letras/UFMG - literatura afro


© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske

© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros


=== === ===


Trabalhos sobre o autor:

Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina. 


Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Carolina Maria de Jesus - a voz dos não têm a palavra. Templo Cultural Delfos, maio/2014. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
:: Página atualizada em 18.1.2016.