quinta-feira, 4 de maio de 2017

Adriana Calcanhotto e a poesia portuguesa

A cantora brasileira Adriana Calcanhotto está em Portugal e por cá ficará até junho, como professora convidada da Universidade de Coimbra. O que a traz ao nosso país? Uma paixão antiga: a poesia



Adriana Calcanhotto e a poesia portuguesa – uma paixão escutada na rádio

Largas dezenas de pessoas estão concentradas junto ao Auditório Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Espera-se por alguém. “Cruzei-me mesmo há pouco com ela e nem conseguia acreditar”, assegura uma jovem, falando em português do Brasil a um amigo. Passam cinco minutos da hora marcada. As portas abrem. A sala, imponente, parece minúscula para tantos curiosos. Ela – a responsável pela enchente – senta-se. Serena. Sorridente. Fazem-se os agradecimentos e as apresentações habituais em cerimónias académicas. Ela não precisa de muitas. Toma a palavra. “Isso aqui não é uma aula. Eu não sou uma professora”, avisa, desde logo, Adriana Calcanhotto, enquanto todos a ouvem atentamente. Em silêncio, para sorver cada palavra, porque se vai falar de poesia no seminário “Uma Incerta Melodia”.
Cantora, compositora, escritora, ilustradora e antologista brasileira. Assim é ela, Adriana – a que os mais novos juntam, na memória, a alcunha artística Partimpim. Está em Portugal desde fevereiro e vai ficar até junho, como professora convidada da Universidade de Coimbra durante um semestre. O motivo que traz a artista de música popular brasileira até ao nosso país e esta quarta-feira a levou a palestrar para aproximadamente uma centena de pessoas na FLUP é simples: a poesia. Essa paixão pela musicalidade das palavras, surgida na sua vida de uma forma bastante espontânea e que a levou a tornar-se “embaixadora” da obra de Mário de Sá-Carneiro no Brasil. Mas como é que tudo começou?
Não foi na escola. “Tal como grande parte das pessoas da minha geração, eu larguei o colégio muito cedo. Nem cheguei à faculdade. Eu costumo dizer que a música me escolheu. É melhor do que dizer que abandonei os estudos”, brinca a cantora ou escritora de canções de 51 anos. O pai, Carlos, era baterista de jazz, bossa nova e possuidor de um restrito gosto musical. “O meu pai era daqueles que não tinha vergonha de dizer que os Beatles estragaram tudo”, recorda Adriana. A mãe, Morgada, era uma bailarina e coreógrafa, amante de um leque musical variado, onde cabiam Pink Floyd, Miles Davis ou Elis Regina.
Por isso mesmo, a música acompanhou a artista desde cedo, mas a paixão pela melodia das palavras surgiu quase à revelia da família. A ouvir rádio, onde tanto podiam passar as músicas mais badaladas das telenovelas como, minutos depois, ecoarem canções de Caetano Veloso, Chico Buarque ou Maria Bethânia.
“Um dia, o meu pai chegou a casa mais cedo e encontrou-me a ouvir rádio popular, música estragada e ruim para ele. Ficou apavorado, pensando que isso ia interferir na minha formação musical. O que, de facto, aconteceu”, admite, entre risos. “Foi aí que eu percebi que essa divisão entre alta e baixa cultura é uma perda de tempo. Até porque, naquele momento, a tropicália já existia”, sustenta Adriana, referindo-se ao célebre movimento musical que agitou, no final dos anos 1960, um país ainda acorrentado a uma ditadura militar.

FERNANDO PESSOA É UMA “POPSTAR” NO BRASIL E PARA ALGUNS TEM AR DE BAIANO

A forte ligação à poesia não chegou, assim, ao folhear livros. Chegou por intermédio das ondas de rádio. “Ali era uma música de palavra, com canto”, enaltece a artista. “Um dia, eu ouvi a Maria Bethânia a dizer Fernando Pessoa. Aquilo foi para mim uma iluminação. Foi assim que a poesia entrou na minha vida”, afirma a cantora que, em 1990, se estreou com o álbum “Enguiço” e, em 1994, editou o trabalho discográfico “Fábrica de Poemas”.
Ainda sobre Pessoa, Adriana explica que o autor é uma autêntica “popstar” no Brasil, muito por força do trabalho de divulgação feito por Bethânia. “Toda a gente sabe quem é. Algumas pessoas acham que ele é baiano”, conta, provocando o riso generalizado na plateia. “É impressionante o quanto ele está vivo no Brasil”, frisa Adriana Calcanhotto, acrescentando que “as pessoas aprendem Pessoa através da música”.
Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar ou Florbela Espanca foram outros dos poetas que a rádio lhe apresentou, todos eles sublimados pela voz do cantor Raimundo Fagner. Já mais tarde, na década de 1990, quando a poesia já era uma paixão séria na vida de Adriana, é editada no Brasil a obra completa de Mário de Sá-Carneiro. A editora convida-a, inesperadamente, para participar num sarau de apresentação. Dizem-lhe para fazer o que quiser. “O meu problema”, explica a cantora, “é que digo ‘sim’ e depois é que vou ver”. “Eu não tinha ideia da vastidão da obra de Sá-Carneiro”, reconhece.
“Fiquei absolutamente fascinada, conhecendo o poeta, a vida dele, a relação com o pai, os problemas com ele mesmo e a forma como passa aquilo para a poesia”, frisa a artista brasileira, rendida a “uma poesia daquele tamanho, daquela altura, que nos encanta a todos até hoje”.
Desde então, e à semelhança da relevância de Maria Bethânia na democratização da obra de Fernando Pessoa no Brasil, também Adriana acabou por se transformar, “de forma natural”, diz, numa “embaixadora” de Mário de Sá-Carneiro. São já vários os poemas do poeta da geração d’Orpheu musicados pela artista, como “Vislumbre”, “Roupagem” ou “7”, este último gravado por Calcanhotto com o nome “Outro”.
Ao longo dos anos, outros poetas portugueses foram sendo acrescentados à lista de favoritos de Adriana Calcanhotto, como são disso exemplo Alexandre O’Neill, David Mourão Ferreira, Adília Lopes ou Ana Luísa Amaral. Conta que, sempre que vem atuar a Portugal traz “uma mala enorme vazia, só para depois a levar cheia de livros” que lhe oferecem. “Quando recebemos de um português um livro de poesia, aquilo significa: ‘Este é o nosso legado’”, explica a intérprete, fascinada ainda com outra particularidade da cultura portuguesa. “O Dia de Portugal é o dia de um poeta. Não acredito que isso exista noutro país do mundo. Não é um general, um guerreiro, um metalúrgico… é um poeta! Isso impressiona-me imenso”, assevera.

“O NOBEL É QUE GANHOU BOB DYLAN”

O que a encanta na poesia é, sobretudo, a musicalidade das palavras, motivo pelo qual adora o fado, estilo musical que descreve como uma “maravilha” e no qual se pode “colocar qualquer poema”. Fala de Amália como quem descreve um gigante e destaca o papel da fadista quando decidiu cantar Camões. “Ela podia fazer o que quisesse. Amália conseguia tirar o melhor dos poetas, porque a poesia não é só para estar nos livros”, considera.
Daí até fazer referência à polémica instalada aquando da atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan foi um pequeno salto. “Discute-se muito o facto de o Bob Bylan ter ganhado o Prémio Nobel da Literatura… Ou melhor, o Prémio Nobel é que ganhou o Bob Dylan”, atira a brasileira, relembrando que “na Grécia era assim, transmitia-se a poesia através da música” e “o que hoje temos da poesia arcaica são, na verdade, fragmentos de letras de músicas”.
De volta à arte de versejar em língua portuguesa, Adriana Calcanhotto é da opinião que “quem hoje se arrisca a escrever poesia em Portugal ou no Brasil, precisa de ler muito”. “Tem de saber o que está a fazer. Tem de ler tudo o que está para trás. Só o facto de alguém ler tudo isso, já lhe dá o direito de escrever”, considera a artista brasileira.
“É assim a minha relação com a poesia portuguesa. Uma relação apaixonada”, finalizou, motivando um demorado aplauso.

André Manuel Correia
http://expresso.sapo.pt/cultura/2017-05-04-Adriana-Calcanhotto-e-a-poesia-portuguesa--uma-paixao-escutada-na-radio




Adriana Calcanhotto: "Estou na Universidade de Coimbra para ensinar coisas que não se ensinam"

Ela diz que têm sido uns meses sossegados, com tempo para ler, sem ser constantemente interrompida com concertos e viagens. Para não perder o fio à música, nos intervalos das aulas que tem dado no âmbito da sua residência artística na Universidade de Coimbra, Adriana Calcanhotto anda a aprender a tocar guitarra elétrica. Por isso, na biografia da senhora da voz e do violão, a cidade portuguesa ficará para sempre ligada ao amplificador. Também já escreveu um livro sobre a história da Universidade de Coimbra para ser lido por crianças brasileiras. A entrevista não podia ter decorrido num local mais literário, a Quinta das Lágrimas.
O que é, no seu entender, ensinar?
Ensinar, para mim, é aprender. Durante este semestre na Universidade de Coimbra tenho a possibilidade de ouvir professores a falar com paixão, seja sobre Química ou sobre Literatura. E ouvir uma pessoa que fala sobre Eça de Queirós com um brilho nos olhos ou outra que se transforma quando discorre sobre Camões são experiências que não se esquecem. Como tenho dito, quase como um refrão, estou aqui para ensinar coisas que não se ensinam.

E que são sobretudo a sua forma de ver o mundo?
Por sugestão da universidade, nas aulas também tenho incluído a minha experiência pessoal. Começo na poesia arcaica, na poesia clássica, e, depois, vou indo pelos trovadores. Tudo isso é a minha forma de ver, é o modo como aqueles temas me apaixonaram, as relações que fui fazendo de maneira completamente autodidata. Na primeira aula que dei, muitos professores, muitos lentes, me disseram que, para eles, era incrível uma educação assim, não formal, não organizada, que foi seguindo a intuição.

Esta residência artística em Coimbra não se trata de um regresso à faculdade, mas de um começo, aos 51 anos?
Pensei ser astronauta e arquiteta. Treinei para ser tenista e, como a minha mãe era bailarina, tive aulas de ginástica rítmica e de dança. A música, porém, não me deixou chegar à universidade porque andava a ouvir as pessoas cantarem e tocarem o repertório de Lupicínio Rodrigues pelos bares de Porto Alegre e, depois, de manhã, não acordaria para ir às aulas. Naquele meio da boémia gaúcha, eu era um bebé, que tentava absorver toda aquela informação, experiência e sensibilidade.

O que é que tem feito em Coimbra?
Aqui, os professores dizem: vou ali dar uma aula e já volto. Eles têm experiência e, mesmo que uma aula nunca seja igual a outra, é preciso ver que eles têm os esqueletos das lições. Não é que goste muito de ensaiar e de ficar presa a um roteiro, mas eu não sou professora e, por isso, preciso de preparar as aulas, trabalho-as até ao minuto em que vão começar.

Segue um fio condutor ou, pelo contrário, costuma perder-se?
Perco-me imenso. Há assuntos que não são vetoriais, funcionam como uma malha. É o caso do Parangolé Pamplona, de Hélio Oiticica [o tema principal da masterclass do passado dia 19 de abril]. Aquilo tem resquícios do pensamento antropofágico, de acordo com o qual a arte brasileira não precisa de replicar as artes europeia e americana. É isso que Hélio combate. Tudo isso corresponde, aliás, a uma das coisas de que Caetano Veloso mais fala: diz ele que o Brasil tem obrigação de ser original porque está na América Latina a falar língua portuguesa, rodeado de língua espanhola. O Carnaval é a maior prova de que nós somos capazes de acolher a cultura vinda de fora, deglutimos e devolvemo-la do nosso jeito, do nosso ponto de vista, selvagem, tropical.

Tem lido muito em Coimbra?
Muito. Além de ser uma cidade com proporções humanas, Coimbra vive do convívio de diferentes tempos de culturas, de religiões, de épocas. Induz ao pensamento porque, até quando observamos a arquitetura, não temos ninguém a pedir para comprar qualquer coisa, para fazer isto ou aquilo. Parece bobagem, mas não é: tenho lido livros inteiros sem ser interrompida, ao invés do que acontece quando estou no Rio de Janeiro, entre concertos e aeroportos.

Isso propicia a criação?
Tenho tentado não abrir essa porta porque, depois da porta aberta, não dá muito para controlar…

E o que é que tem lido?
Literatura portuguesa e um pouco também de literatura brasileira. A próxima aula vai ser sobre os livros que me marcaram [decorreu a 26 de abril]. Não posso falar sobre todos, escolhi 14, que é o número de volumes que cabem na mesa do Instituto de Estudos Brasileiros onde os livros vão estar expostos.

Onde começa essa lista?
Começa com A Mulher que Matou os Peixes, que li aos oito anos e que realmente mudou a minha vida. Foi a primeira vez que me senti leitora e que uma autora da potência de Clarice Lispector falava comigo sem me tratar como uma criança, contando-me histórias de “era uma vez…”. O livro tem esse título maravilhoso e, depois, quando se abre, a primeira frase é: “A mulher que matou os peixes infelizmente fui eu.” Senti aquilo como se fosse Hitchcock.

E onde é que a lista acaba?
Acabar não acaba, mas o 14º livro é um dicionário. Foi uma coisa que descobri com Tom Jobim. Um dia visitei o seu apartamento em Nova Iorque e, no meio de livros sobre passarinhos brasileiros (Jobim gostava muito de passarinhos), vi que ele tinha uma prateleira inteira só de dicionários. Por causa dele, comecei a entender, por exemplo, que o dicionário de Aurélio tem um ponto de vista distinto do dicionário Houaiss. Hoje, quando procuramos o significado de uma palavra, basta fazermos uma pesquisa no computador e o problema fica resolvido. Mas, se folhearmos um dicionário, descobrem-se palavras, passamos de umas para outras, passam-se horas.



Intitulada O Parangolé Pamplona A Gente Mesmo Faz, a masterclass de Adriana Calcanhotto decorreu no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, no passado dia 19 de abril. A lotação esgotou, sendo que a maioria dos alunos eram estudantes de literatura brasileira da universidade. A professora explicou a importância do “parangolé”, um pano que funciona como roupa, estandarte e obra de arte, criado pelo artista brasileiro Hélio Oiticica. No final da aula, os alunos puderam dançar

Qual é a sua opinião sobre o Acordo Ortográfico?
Para mim, o acordo ortográfico é uma coisa simples. Como julgo que o caminho da língua é o do menor esforço, sou favorável a que se tirem os acentos e tudo aquilo que não se usa. Não me parece que os portugueses voltem a abrir as vogais, isso é uma coisa arcaica que só nós [brasileiros] usamos.

A atribuição do Nobel a Bob Dylan é a confirmação de que a canção também é literatura?
A polémica é animada, mas não faz sentido: quem reclamou são os que não conhecem a obra de Bob Dylan, os escritores de livros, de livros maçudos. Bob Dylan é um grande poeta. Aliás, não foi Bob Dylan que ganhou o Nobel, foi o Nobel que ganhou Bob Dylan. E o prémio poderia ter ido para Sérgio Godinho ou para Chico Buarque. Veja-se que, em alguns textos, Frederico Lourenço [helenista, professor da Universidade de Coimbra] chama Safo de cantora.

Com os cortes no financiamento das universidades, o Brasil tem estado a desinvestir drasticamente na Educação. O saber já não tem valor?
Isso causa-me imensas angústias. Porque a ideia que há é a de que o saber, o pensamento, é qualquer coisa de perigoso, ameaçador. Por causa da maneira como a política está armada no mundo, por causa desses esquemas todos de corrupção, por causa da ignorância que se alastra por todo o lado. Nada disto é de agora, é uma tragédia anunciada, foi triste ver tudo isso acontecer, assistir a toda essa decadência.

Não é por causa do Governo de Michel Temer?
Vem de trás. Costumo ser otimista, mas também sei que, para as coisas melhorarem, vão ser precisos muitos anos. São gerações perdidas, de pessoas que saem das faculdades semianalfabetas. Diz-se que o importante é comunicar, claro que o importante é comunicar, mas qual é o problema de se saber a norma culta? Qual o problema de se saber a sua própria história? Qual é o problema de se conhecer a sua própria língua?

Nesta Europa que vê os que são diferentes de forma ameaçadora, a língua permite-nos conhecer o Outro?
Antes de estar na Europa que olha o mundo de forma ameaçadora, estou em Portugal que olha o mundo como uma coisa a ser descoberta. Chego a Macau e, numa praça, encontro um verso de Camões que me faz chorar: “O mundo todo abarco e nada aperco.” É muito interessante: quando aprendemos outra língua, entendemos também muitas coisas da nossa própria língua.

Conhecemos o Outro e conhecemo-nos a nós próprios também.
Exatamente. E isso é uma boa lição.

Preocupam-na os populismos, que não veem a chegada do Outro com esse encanto?
Como disse Álvaro de Campos, o que uma geração passa para a outra é tudo aquilo que ela não foi. Ou seja, a humanidade não aprende. Abram-se os livros e veja-se como a história se repete. Sou otimista, mas uma espécie que destrói o seu próprio habitat não é uma espécie que tenha dado certo. As pessoas continuam a pensar que o planeta é uma fonte inesgotável e, agora, até o próprio Presidente dos Estados Unidos pensa que isso é uma invenção…

Uma fake news.
Um facto alternativo. Vivemos tempos difíceis, mas os tempos sempre foram difíceis.

Imagina-se a viver em Portugal permanentemente?
É uma pergunta difícil. Há um verso do hino nacional brasileiro que diz: “Verás que um filho teu não foge à luta.” E é um verso que me cala fundo. Estou aqui e não estou a fugir de coisa nenhuma, muito antes pelo contrário.

Sara Belo Luís
http://visao.sapo.pt/actualidade/cultura/2017-06-03-Adriana-Calcanhotto-Estou-na-Universidade-de-Coimbra-para-ensinar-coisas-que-nao-se-ensinam





Organizada por Adriana Calcanhotto, É Agora Como Nunca. Antologia Incompleta da Poesia Contemporânea Brasileira (Livros Cotovia, 144 págs., €17) foi lançada em meados do mês de maio. A obra, com poemas de 41 autores, pretende ser "um instantâneo da poesia brasileira agora". "Sou completamente contrária à ideia de que já não existem poetas, de que já não se escreve. Isso é coisa de gente que não lê o que está a acontecer, é um ranço que existe em relação à composição, à música e a tudo", diz, a propósito, Adriana Calcanhotto.

Sem comentários: